O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, vão se reunir nesta quinta-feira em uma tentativa de reaproximação entre Brasília e Washington após meses de tensão. A reunião ocorre pouco antes do esperado encontro entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente Donald Trump, que deve acontecer na próxima semana na Malásia, na cúpula da ASEAN.
Preparação para encontro entre Lula e Trump
Segundo informações de integrantes do governo brasileiro, Vieira e Rubio discutiram por telefone na semana passada, em uma conversa de cerca de 15 minutos, para alinhar os temas que serão abordados na reunião entre Lula e Trump. O objetivo é assegurar que o encontro não seja apenas simbólico, mas que avance em questões de interesse de ambos os países.
Contexto de tensões e prioridades diplomáticas
As relações entre Brasil e Estados Unidos ficaram abalada desde 9 de julho, quando Trump anunciou a aplicação de sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros, condicionando negociações comerciais ao arquivamento de processos contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal. O mandatário americano também condicionou avanços às sanções contra cidadãos brasileiros, entre eles o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Temas discutidos e interesses em pauta
Entre os assuntos que integrem a agenda do encontro entre Lula e Trump, estão o tarifazo de 50% sobre produtos nacionais, sanções contra brasileiros, além de temas internacionais como ataques de barcos venezuelanos por militares americanos, a guerra na Ucrânia e a recente situação na Faixa de Gaza. Lula pretende tratar de uma pauta com objetivos claros, incluindo a tentativa de reverter as tarifas e sanções brasileiras.
Conflitos geopolíticos e econômica histórica
Enquanto o Brasil tenta reduzir a dependência de tarifas e sanções, os Estados Unidos buscam assegurar acesso privilegiado a minerais estratégicos, regras favoráveis às suas plataformas digitais e uma posição mais previsível do política brasileira, indicando também a preocupação com o aumento do alinhamento do país com a China e os países do BRICS. Trump ameaça aplicar tarifas ainda mais elevadas se o Brasil continuar a reduzir sua dependência do dólar nas transações comerciais.
Recentemente, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, revelou ao Congresso que foi convidado pelo governo dos EUA para discutir minerais críticos, como lítio, níquel e terras raras, essenciais para a transição energética e a indústria de baterias e semicondutores. Pessoas próximas a negociações afirmam que o Brasil visa passar de exportador de matérias-primas para desenvolver cadeias produtivas locais, com transferência de tecnologia, enquanto os Estados Unidos pressionam por acesso direto às reservas brasileiras.
Balanço de interesses e desafios diplomáticos
Na área digital, os Estados Unidos defendem regras mais flexíveis para as suas empresas de tecnologia, o que contrasta com as intenções do Brasil de equilibrar atração de investimentos e soberania de dados, além de debater a tributação de plataformas digitais, um tema sensível para Washington. Em suma, os países buscam estabelecer uma relação de previsibilidade, redução de barreiras comerciais e acesso aos mercados, enquanto tentam evitar alinhamentos mais rígidos em disputas estratégicas globais.
Segundo interlocutores do governo brasileiro, o encontro visa garantir que o governo americano não imponha condições que prejudiquem interesses internos do Brasil ou que impulsionem uma dependência ainda maior de potências estrangeiras. O resultado da reunião entre Lula e Trump, previsto para os próximos dias, poderá definir os rumos dessa complexa relação bilateral.
Para acompanhar os detalhes dessa movimentação diplomática, acesse a matéria no O Globo.