Brasil, 15 de outubro de 2025
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Tensão no mercado argentino e apoio de Trump impulsionam o peso

Declarações de Trump sobre o apoio aos mercados argentinos agravaram a volatilidade do peso, enquanto o país debate mudanças cambiais

O mercado cambial da Argentina vive uma nova fase de turbulência após declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a manutenção do apoio financeiro de Washington ao peso argentino. Na terça-feira, o peso apresentou forte desvalorização, com a ausência de intervenção oficial nas negociações cambiais, acentuando a instabilidade na economia local.

Mercado cambial e taxas de juros elevadas

As taxas de juros de curto prazo na Argentina atingiram patamares de três dígitos, refletindo a sensação de insegurança no mercado. Os títulos argentinos com vencimento em 2035 caíram 2,4 centavos por dólar, sendo negociados a cerca de 57 centavos, segundo dados da Bloomberg, a maior queda desde 30 de setembro. A falta de intervenção do governo no mercado cambial contribuiu para essa desvalorização.

Na terça-feira, o peso à vista recuou quase 1%, atingindo 1.360 por dólar, enquanto os contratos futuros também recuaram. A taxa de recompra de pesos com garantia overnight saltou de 77,5% na segunda-feira para 115%, demonstrando o aumento da aversão ao risco entre os investidores.

Delegação de Estados Unidos e a perspectiva de mudança cambial

O Departamento do Tesouro dos EUA comprou pesos diretamente na semana passada, após tentativas frustradas das autoridades argentinas de conter a desvalorização da moeda. O valor gasto, contudo, ainda não foi divulgado, e nem a Casa Branca nem o Tesouro comentaram oficialmente a operação. Nesse contexto, o ministro da Economia argentino, Luis Caputo, afirmou que os EUA continuam apoiando o peso, com uma linha de swap de US$ 20 bilhões, independentemente do resultado das eleições legislativas de outubro.

Segundo Caputo, “o apoio do Tesouro americano permanece firme”, e reforçou que “os EUA estão dispostos a continuar comprando pesos e títulos, e todas as opções estão sobre a mesa”.

Transição cambial e novos cenários

O economista Federico Sturzenegger, ex-presidente do Banco Central argentino, declarou que o país “em breve terá um câmbio flutuante” e que as bandas de negociação cambial estão se expandindo, indicando uma possível transição para um regime de câmbio livre. Ele esclareceu posteriormente que as faixas de negociação serão ampliadas gradualmente, permitindo uma transição sem mudanças abruptas.

Analistas avaliam que, a longo prazo, a Argentina deve abandonar suas faixas cambiais atuais, que mantêm o peso artificialmente alto. A eleição no dia 26 de outubro será um momento decisivo, uma vez que o resultado influenciará a direção da política cambial e econômica do país, especialmente considerando a forte disputa entre as candidaturas de Javier Milei e suas possíveis reformas econômicas.

Apoio de Trump e impactos políticos na Argentina

Donald Trump declarou, nesta semana, que “se o governante for reeleito, continuaremos com ele”, e que os EUA também discutem um possível acordo de livre comércio com a Argentina. Essa manifestação reforçou as tensões no mercado financeiro, pois o ex-presidente também afirmou que o apoio do governo americano ao peso argentino visa demonstrar “apoio à filosofia econômica do líder argentino”.

Meses antes, o apoio dos EUA foi simbolizado por uma linha de swap de US$ 20 bilhões, destinada a fortalecer a moeda argentina e tranquilizar os investidores. No entanto, analistas avaliam que esse suporte tem um impacto limitado diante da instabilidade política e econômica do país. Os investidores aguardam as próximas semanas com atenção, pois a campanha eleitoral e possíveis mudanças na política cambial podem marcar uma nova fase para a economia argentina.

Contexto eleitoral e futuro econômico

Faltando menos de duas semanas para as eleições legislativas, a perspectiva de apoio explícito dos EUA a Milei e o rumo das reformas econômicas impactam diretamente o mercado. Os analistas avaliam que uma vitória de Milei, com apoio robusto, poderia acelerar a transição para um câmbio mais livre, enquanto resultados inferiores a 30% da bancada no Congresso poderiam aumentar a volatilidade e a aversão ao risco entre os investidores.

Por ora, a Argentina permanece em um cenário de transição econômica, com o governo evitando intervenções frequentes, apesar das pressões internas e externas. A próxima eleição será o momento-chave para definir o futuro da política cambial e da estabilidade econômica do país, que enfrenta uma difícil combinação de reformas, inflação elevada e volatilidade cambial.

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