Brasil, 15 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Sucessão de Barroso: Lula escolhe entre Pacheco e Messias

Ministros do STF discutem perfil forte para vaga de Barroso; Pacheco e Messias se destacam na disputa.

Em uma conversa recente, alguns integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) chegaram a uma conclusão sobre o processo de sucessão do ministro Luís Roberto Barroso, que decidiu antecipar a sua aposentadoria da Corte. Os magistrados constataram que não deveriam indicar qualquer candidato a Lula, mas poderiam deixar claro que precisavam de um “nome forte”. Essa seria uma forma de demonstrar que Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, teria maior aderência na cúpula do Poder Judiciário do que Jorge Messias, advogado-geral da União e favorito para vestir a toga.

O cenário político e as escolhas de Lula

A variável-chave da equação feita por ministros do STF envolve o cenário político após as eleições de 2026. Diante de uma eventual predominância de parlamentares da direita no Senado, a Corte teria de cortar, na visão dos seus membros, com um integrante com trânsito político para ajudar a frear uma possível tentativa de impeachment de um integrante do Supremo. Seguindo essa lógica, Pacheco seria um trunfo, pois já foi presidente do Congresso e é fiel escudeiro de Davi Alcolumbre, atual presidente da Casa. Além disso, como advogado, ele é visto como alguém com notório saber jurídico, um dos requisitos para assumir o posto, mas que já foi ignorado em indicações passadas.

Porém, o que pesa contra Pacheco é o fato de ele não ter uma relação de proximidade com o presidente. Embora diga que não quer indicar um amigo para o STF, Lula deu mostras de que prefere ter um companheiro na Corte, como seu ex-advogado Cristiano Zanin e seu ex-ministro Flávio Dino, em vez de apostar em um novo Joaquim Barbosa, que não tinha uma relação de proximidade com Lula e se distanciou ainda mais quando se tornou algoz do PT no julgamento do mensalão.

A estratégia de Lula e as dificuldades de Pacheco

Para se livrar dessa pressão pelo nome de Pacheco, que não esconde o sonho de ser ministro do STF, Lula fez uma vacina prévia ao dizer que conta com o ex-presidente do Senado para ajudar na construção do seu palanque em Minas Gerais nas eleições de 2026. O parlamentar chegou a participar de eventos no estado ao lado do líder petista, mas não esconde o desconforto de disputar votos contra o senador Cleitinho (Republicanos) e Mateus Simões (Novo).

Pacheco até poderia cumprir a missão dada por Lula em 2026 e tentar costurar um acordo para as próximas vagas da Corte, caso Lula seja reeleito. Há um cenário desenhado no Planalto segundo o qual o parlamentar, após as eleições do ano que vem, poderia assumir a vaga do ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas, que pode antecipar a sua aposentadoria para trabalhar na iniciativa privada ou mesmo surpreender a todos e ser escolhido por Lula para o STF. Mas o senador mineiro, que nunca esteve tão próximo de vestir a toga, sabe que na política não vale a lógica de “deixar o trem quieto que ele anda sozinho”. Por isso, o ex-presidente do Senado tem contado com Alcolumbre, Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Gilmar Mendes em sua campanha discreta ao Supremo para vencer o favoritismo de Messias.

A disputa entre Messias e Pacheco

Sabendo que Pacheco pode correr por fora, Messias passou a amarrar o apoio ao seu nome junto às lideranças do PT, que passaram a dar declarações públicas a favor do advogado-geral da União, e com alguns ministros do STF. Mesmo em lados opostos, ele abriu um bom canal de contato com André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro à Corte. A dificuldade do aliado do presidente, porém, está em mudar a opinião do trio mais influente da Corte — os ministros Flávio Dino, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.

Messias sabe que será difícil contornar esse obstáculo. Por isso, vem tentando se transformar de candidato do PT em nome preferido de Lula, que está contrariado com o clamor do seu partido. Sabendo disso, o advogado-geral da União pediu ajuda ao senador Jaques Wagner para ir além da bolha da legenda e interceder junto ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que demonstra simpatia por Bruno Dantas e é a pessoa mais próxima do presidente depois da primeira-dama Janja.

Com o passar do tempo, o advogado-geral da União recuperou a confiança do presidente e passou a ser visto como um conselheiro jurídico fiel, ganhando influência na guerra do tarifaço americano e no embate contra as big techs. A pessoas próximas, Messias costuma dizer que é uma espécie de “cirurgião de cérebros”, porque precisa manter a cabeça no lugar em meio às crises políticas do governo enquanto muitos sugerem ao presidente reagir com o fígado.

Expectativas para a escolha final de Lula

Diante desse cenário, Lula pretende bater o martelo nos próximos dias para evitar que as articulações políticas dos principais cotados somadas às pressões para indicar uma mulher para o STF se avolumem e desgatem a sua imagem. Em conversa reservada no Palácio do Alvorada com os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino e Alexandre de Moraes, o presidente não deu pistas de quem será o seu escolhido. Apenas disse que será um “bom nome”. Na prática, foi uma forma sútil de o presidente deixar claro que a escolha caberá somente a ele. Só resta combinar com o Senado, responsável pela aprovação.

A disputa pela vaga de Barroso se intensifica à medida que o prazo para a escolha de Lula se aproxima, e tanto Pacheco quanto Messias continuam em uma corrida política que pode definir o futuro da composição do STF.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes