Brasil, 16 de outubro de 2025
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Francisco Mairlon deixa a Papuda após 15 anos de prisão

Francisco Mairlon Barros Aguiar foi inocentado e deixou a prisão após 15 anos, emocionado ao reencontrar a família.

Na manhã desta quarta-feira (15), Francisco Mairlon Barros Aguiar, agora com 37 anos, deixou o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, após 15 anos de prisão. Acusado de ser um dos executores do notório “Crime da 113 Sul”, Mairlon estava em estado de incredulidade e felicidade ao reencontrar a família e os amigos.

A jornada da liberdade

Durante uma coletiva de imprensa em sua casa, localizada no Novo Gama, Mairlon expressou sua incredulidade diante da liberdade recém-conquistada. “Está sendo tudo novo para mim. Eu era do Orkut, MSN. Sei nem mexer no celular”, afirmou ele, refletindo sobre como a tecnologia avançou em sua ausência.

Detido em 2010 com apenas 22 anos, Mairlon foi condenado por um crime que deixou profunda marca na história de Brasília. Agora, aos 37 anos, sente-se como se estivesse despertando de um longo pesadelo. “Desde o momento da porta do presídio até aqui, está sendo um momento de felicidade imensa. Vendo minha família e amigos em peso… Está sendo um sonho”, relatou Mairlon.

Decisão do STJ e reintegração à sociedade

A libertação de Mairlon se deu após uma decisão unânime do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que não apenas o inocentou, mas também anulou todo o processo judicial que o mantinha preso. Para Mairlon, essa decisão é uma nova chance de viver e realizar seus sonhos: “Eu tinha uma vida estável, que vocês não conhecem. Eu me inspirava no meu pai, comerciante, queria ser melhor que ele. Mas interromperam meus sonhos”, enfatizou ele.

Os três últimos anos de sua vida foram dedicados ao autocuidado, levando-o a uma transformação física e mental para suportar a dura realidade do sistema penitenciário. “Não é fácil um cidadão comum ser jogado no sistema penitenciário do jeito que fui”, comentou. Mairlon buscou não se deixar abater, e por meio de suas reflexões e trabalho, manteve sua saúde mental.

O reencontro com a fé e a família

O primeiro destino de Mairlon ao sair da prisão foi uma igreja no Pedregal, onde ele viveu antes do encarceramento. Em sua primeira declaração à imprensa, expressou sua gratidão a todos que não desistiram dele, mencionando especialmente sua família e a ONG Innocence, que lutou pela sua libertação. “Estar com meus pais e meu filho, isso é tudo o que eu quero agora”, declarou Mairlon emocionado.

O crime que marcou Brasília

O “Crime da 113 Sul” ocorreu em 28 de agosto de 2009 e envolveu o assassinato brutal de um casal e sua empregada. A investigação apontou que a filha do casal, Adriana Villela, teria sido a mandante do crime. Apesar das imputações, Mairlon e outros co-autores afirmam que os depoimentos foram obtidos sob pressão e tortura, o que levou à revisão do caso pelo STJ. Os ministros também trancaram a ação penal, garantindo que Mairlon não é mais um réu ou condenado.

O mistério e a controvérsia que cercam o caso continuam presentes na memória dos brasilienses e são assunto de documentários que exploram as complexidades do crime. A liberdade de Mairlon reveste-se não apenas de alívio pessoal, mas de um simbolismo maior sobre as falhas do sistema judiciário.

Despedidas são sempre difíceis, mas para Mairlon, o retorno aos braços da família é o primeiro passo para reescrever sua história. “Estou ansioso demais para ver meu filho, meus primos… muita gente”, afirmou, cheio de planos e esperanças.

Agora, Mairlon não é apenas um homem livre; ele é um sobrevivente que deseja reconstruir sua vida e a conexão com seus entes queridos, ao mesmo tempo em que busca entender o mundo que o cerca, após tantos anos de isolamento.

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