Brasil, 15 de outubro de 2025
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Ex-auditor-fiscal forja morte e é preso na Bahia

Arnaldo Augusto Pereira foi capturado após forjar identidade e atestado de óbito. Ele cumpria pena por corrupção e lavagem de dinheiro.

Na última quarta-feira (15), o ex-auditor-fiscal Arnaldo Augusto Pereira foi preso na cidade de Muruci, na Bahia, após forjar sua própria morte para escapar de uma condenação de 18 anos de prisão. Ele é acusado de ser um dos líderes da chamada “máfia do ISS”, um esquema que movimentou mais de R$ 500 milhões em propinas dentro da prefeitura de Santo André, em São Paulo. A revelação de sua captura, que ocorreu após duas semanas de monitoramento, foi confirmada pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) à TV Bahia.

O plano para forjar a morte

De acordo com as investigações, Arnaldo pagou R$ 40 mil para obter um atestado de óbito e uma identidade falsa, que começou a usar imediatamente após o suposto falecimento. Um documento obtido pela reportagem do g1 indica que ele teria morrido no dia 10 de julho deste ano, supostamente vítima de problemas cardíacos e diabetes, no bairro Liberdade, em Salvador, mais de 900 km da cidade onde residia antes. A certidão de óbito foi registrada em um cartório da capital baiana e conta com a assinatura de um médico local.

As consequências da farsa

A farsa de Arnaldo foi tão convincente que, em agosto deste ano, o ministro Antonio Saldanha Palheiro, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), declarou a extinção da punibilidade do acusado, considerando-o oficialmente morto. Contudo, a realidade se revelou muito diferente quando ele foi localizado vivendo com outra identidade. A operação que levou à sua prisão foi uma colaboração entre as polícias militares de São Paulo, Bahia e Espírito Santo, além dos Ministérios Públicos dos dois estados, que atuaram por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Grupo de Atuação Especial de Combate à Corrupção (Gedec).

A trajetória criminal de Arnaldo Pereira

Arnaldo Augusto Pereira, que também ocupou o cargo de subsecretário de Arrecadação da prefeitura de São Paulo durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD), foi condenado em 2019 a 18 anos, dois meses e 12 dias de prisão. Ele foi responsabilizado por receber R$ 1,17 milhão em propina de uma construtora, em troca da liberação de um alvará de construção de um grande condomínio na cidade. Na época, o prefeito era Aidan Ravin.

O ex-auditor-fiscal já havia sido preso outras duas vezes, em 2016 e 2017, por mentir em delações premiadas, que buscavam negociar acordos com o Ministério Público. Sua atuação na “máfia do ISS” foi prejudicial, não apenas a ele, mas ao cofre público, sendo considerado um dos principais mentores do esquema de corrupção. De acordo com o promotor Roberto Bodini, a prática corrupta continuou mesmo após Arnaldo deixar a Prefeitura de São Paulo, quando acolheu novas acusações de envolvimento em esquemas similares enquanto trabalhava em Santo André.

Impacto e desdobramentos da operação

A prisão de Arnaldo finaliza um capítulo de um extenso e complexo caso de corrupção que abalou as estruturas da administração pública em São Paulo. Provas obtidas durante as investigações, incluindo depoimentos de funcionários da construtora, mostraram claramente como funcionavam as exigências de pagamento para a liberação do alvará. Essas informações corroboraram a acusação de que Arnaldo não só arquitetou como também supervisionou a execução do esquema, levando o juiz a agravar sua pena devido à reiterada prática de crimes.

A prisão de Arnaldo Augusto Pereira reitera a importância de investigações rigorosas e colaborações interinstitucionais no combate à corrupção no Brasil. A expectativa agora é de que a justiça seja feita, não só para responsabilizar os culpados, mas também para restaurar a confiança da população nas instituições públicas.

Enquanto Arnaldo aguarda os desdobramentos legais de sua situação, a sociedade e as autoridades continuam atentos aos desígnios do sistema judicial e à luta contínua contra a corrupção.

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