No jantar oferecido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e integrantes do governo, realizado na noite de terça-feira (14), a sucessão do ministro Luís Roberto Barroso na presidência da Corte foi um tema tratado com discrição. Lula evitou mencionar nomes concretos e indicou que não há pressa em tomar uma decisão sobre a nova nomeação, um assunto que desperta grande interesse nas esferas políticas e judiciárias do país.
Expectativas dos ministros do STF
Relatos de participantes do encontro indicam que o presidente Lula ouviu mais do que falou durante a reunião. Os ministros do STF aproveitaram a oportunidade para expressar suas expectativas em relação à escolha do novo presidente, que deve ser alguém de “peso”, capaz de preservar a autoridade institucional do tribunal. A avaliação geral é de que ainda será importante reforçar a defesa da democracia nos próximos anos, especialmente considerando as possíveis ofensivas do Congresso, com um foco específico na ampliação da presença de grupos ligados ao bolsonarismo no Senado, responsável por pedidos de impeachment de membros da Corte.
Na ocasião, estiveram presentes figuras proeminentes como os ministros Gilmar Mendes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes, além de membros do primeiro escalão do governo, como Ricardo Lewandowski (Ministério da Justiça) e Rui Costa (Casa Civil). Apesar de a sucessão no STF ter sido um pano de fundo relevante, não foi o tema central da conversa, que também abrangeu questões como segurança pública, a COP30 em Belém e as relações do Brasil com os Estados Unidos.
A escolha do novo presidente do STF
Embora Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, seja considerado uma escolha preferida pelos ministros do STF nos bastidores, seu nome não foi mencionado por Lula durante o jantar. Os ministros apenas sinalizaram que esperam uma escolha forte, sem fazer pedidos diretos. Gilmar Mendes, em outras oportunidades, já defendeu publicamente o nome de Pacheco, ressaltando que a situação do STF é um “jogo para adultos”.
O presidente Lula, por sua vez, reforçou que ainda está refletindo e que fará uma “boa escolha”. De acordo com a percepção dos presentes, Lula não definiu um favorito claro. No entanto, pessoas próximas ao presidente no Palácio do Planalto indicam que o advogado-geral da União, Jorge Messias, está sendo considerado para a posição. A sucessão de Barroso, que decidiu antecipar sua aposentadoria, segue em aberto, e Lula demonstrou que tomará sua decisão com cautela.
Jantar em homenagem a Barroso
Enquanto debatia sobre sua vaga no STF, Barroso foi homenageado em outro jantar com ministros e integrantes do Judiciário na mesma noite, no Lago Norte, um bairro nobre de Brasília. Entre os convidados estavam os ministros do STF Kássio Nunes Marques e Luiz Fux, além do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. No jantar, houve uma atmosfera descontraída, com conversas que giraram em torno da política, dos bastidores da relação entre os Poderes e a sucessão de Barroso no STF, um tema que dominou algumas rodas de conversa.
Os rumores e apostas sobre quem ocupará a vaga de Barroso incluem Rodrigo Pacheco, Jorge Messias, o ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), e o ex-secretário de assuntos jurídicos da Presidência, Wellington Lima e Silva, que atualmente atua na Petrobras. A expectativa é de que a escolha do novo presidente do STF não seja apenas um exercício de nomeações, mas um passo fundamental para garantir a autonomia e a integridade das instituições brasileiras, em um momento em que a política nacional enfrenta desafios significativos e tensões entre os diferentes Poderes.
Com as diversas responsabilidades de um novo presidente do STF em mente, a escolha de Lula se mostrará um reflexo não apenas de seus interesses políticos, mas também do futuro democrático do Brasil.