Em um movimento crescente nas redes sociais, artistas brasileiras estão unindo suas vozes em uma campanha para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique uma mulher para a vaga deixada pelo ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). A pressão aumenta em meio ao reconhecimento da desigualdade de gênero e da falta de representatividade feminina na mais alta Corte do país.
A mobilização das artistas
Nesta quarta-feira, Fernanda Torres, atriz indicada ao Oscar, publicou um vídeo em suas redes sociais, solicitando diretamente ao presidente: “Caro presidente, pense bem, o Brasil merece. Escolha uma mulher para o STF!” A postagem rapidamente ganhou atenção e destacou a necessidade de maior representação feminina nas decisões judiciais do país.
Juliette, ex-BBB e cantora, foi outra voz importante na campanha. Em suas declarações, ela comentou que as mulheres têm vivido situações de desrespeito e interrupções em suas falas, mesmo sendo a maioria da população brasileira. “É bem justo que Lula indique uma ministra”, reforçou a artista, destacando a importância da equidade na política.
A também atriz e ex-BBB Bruna Griphao trouxe à tona um fato revelador: apenas três mulheres integraram o STF em seus 134 anos de história. O video viralizou, atingindo mais de 800 mil visualizações, e levantou a discussão sobre a necessidade de mudança nesse cenário. “Vocês não acham minimamente justo que a gente tenha mulheres nos cargos de poder?”, questionou Griphao.
A baixa representatividade no STF
Anitta foi além e lançou um abaixo-assinado digital pedindo a nomeação de uma mulher para o STF. A cantora criticou a representatividade racial e de gênero na Corte, lembrando que a única mulher atualmente é a ministra Cármen Lúcia, e que apenas três ministros negros, todos homens, ocuparam cadeiras na história do tribunal. Anitta enfatizou que, com a saída de Barroso, há uma oportunidade única de promover mudanças significativas.
As postagens de Anitta e outros artistas não passaram despercebidas, e a discussão rapidamente se espalhou pelas redes sociais, ganhando apoio de diversas entidades que pedem uma mudança de paradigma na composição do STF. Em nota pública, o Fórum Justiça e outras organizações destacaram a saída de Barroso como uma janela única para promover a igualdade na justiça brasileira.
Críticas e posicionamentos divergentes
Entretanto, a mobilização não é unânime. O deputado federal e ex-secretário especial da Cultura no governo Jair Bolsonaro, Mário Frias, criticou os posicionamentos dos artistas, alegando que muitos deles se calaram diante de escândalos envolvendo o governo atual, além de não se manifestarem sobre outras questões de relevância social que envolvem mulheres.
Para as organizações envolvidas na campanha, a nomeação de uma mulher ao STF não é apenas uma questão de igualdade de gênero, mas também uma oportunidade para que a Corte se alinhe a princípios de justiça e representatividade. A nota lançada pelas entidades afirmava: “Não é por falta de excelentes nomes de mulheres que Lula deixará de indicar uma ministra para a Suprema Corte, reduzindo a constrangedora e histórica desigualdade de gênero”.
Com a proposta de uma lista que inclui 13 mulheres qualificadas para a posição, a mobilização ressalta a importância de um debate profundo sobre a baixa representação feminina em cargos de direção, não apenas no judiciário, mas em todas as esferas de poder no Brasil.
O clamor por mudança continua, refletindo não apenas a vontade dos artistas, mas de uma sociedade que busca cada vez mais igualdade e justiça. A expectativa agora recai sobre a decisão de Lula e se ele se unirá a esta nova era de representatividade e inclusão no Supremo Tribunal Federal.