Francisco de Assis da Costa Pereira, acusado de envenenar 10 pessoas no Piauí, permanece preso e aguarda uma decisão da Justiça sobre seu futuro. Desde o dia 8 de janeiro, ele está detido ao lado de sua esposa, Maria dos Aflitos Silva, e os dois são réus em um caso que chocou a sociedade piauiense. Na última segunda-feira (13), a defesa de Francisco solicitou a revogação de sua prisão, baseando-se em um laudo pericial que, segundo argumentam, comprova que o acusado também foi vítima de envenenamento.
A defesa e o novo laudo pericial
O advogado de Francisco, Herbert Assunção, apresentou um laudo que aponta a presença da substância terbufós no organismo do réu. Segundo ele, esse exame, já anexado ao processo, demonstra a tentativa de incriminar Francisco operada pela Polícia Civil e o Ministério Público. “Na concepção da defesa, houve uma tentativa de alteração dos fatos. A gente entende que o laudo, como prova técnica, comprova que Francisco foi vítima de Maria dos Aflitos”, defendeu o advogado.
Herbert Assunção também enfatizou que não há provas concretas de que Francisco tenha realmente envenenado as vítimas, e que as evidências sugerem que a verdadeira responsável seria sua esposa. “Mesmo que ele fosse apaixonado por ela e quisesse protegê-la e não incriminá-la, as circunstâncias são favoráveis a Maria dos Aflitos”, completou.
A investigação da Polícia Civil
A Polícia Civil, por sua vez, se manifestou sobre o laudo apresentado pela defesa. Em contato com o portal g1, o delegado Abimael Silva, que conduz a investigação, explicou que o laudo já constava nos autos e que a perícia acredita que Francisco pode ter sofrido uma “contaminação cruzada” por meio da pele. Durante a coletiva, o delegado detalhou como a natureza tóxica do terbufós pode levar a resultados diferentes nos casos de contaminação.
“O terbufós é um veneno tão forte que o contato dele com a pele já deixa vestígios no exame. A gente acredita que ele foi contaminado de forma cutânea, e essa contaminação apresenta uma sintomatologia diferente”, explicou Abimael Silva. Além disso, o delegado observou que as vítimas que faleceram após a intoxicação exibiram sintomas entre 30 e 40 minutos após a exposição ao veneno, enquanto Francisco começou a apresentar sinais de envenenamento quatro horas depois.
Contaminação e Toxicidade
O delegado também lembrou um caso preocupante relacionado a Maria Jocilene Silva, que foi envenenada em duas ocasiões. Ele mencionou que parentes e vizinhos que tiveram contato com o suor dela no dia de sua morte também apresentaram sinais de envenenamento, o que demonstra a extrema toxicidade da substância. Esse fato levanta ainda mais questões sobre a veracidade das alegações em relação a Francisco.
O g1 entrou em contato com o Ministério Público, buscando um retorno sobre as alegações apresentadas pela defesa. A expectativa é de que o órgão se manifeste, oferecendo mais esclarecimentos sobre a continuidade do caso e os próximos passos a serem tomados. Enquanto isso, a situação de Francisco e Maria continua a atrair a atenção da mídia e da população local.
Consequências Judiciais e Sociais
Esse caso de envenenamento não apenas afetou a família diretamente envolvida, mas também gerou um impacto considerável na comunidade do Piauí. A forma como o sistema judiciário lida com este processo pode influenciar não só o desfecho da vida de Francisco, mas também a percepção pública sobre questões de justiça e segurança em casos de violência doméstica e criminalidade. A busca por respostas por parte da comunidade reflete a ansiedade coletiva e a expectativa de um desfecho que traga justiça às vítimas.
À medida que o caso avança, espera-se que tanto a defesa quanto o Ministério Público apresentem novas evidências e argumentos que possam esclarecer os eventos trágicos que levaram a essa série de envenenamentos. A situação de Francisco de Assis continuará a ser monitorada de perto pela sociedade, ansiosa por um desfecho que possa trazer alguma verdade e justiça a um caso tão dramático.