O cenário político brasileiro se tornou ainda mais efervescente com as declarações do secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite (PP). Durante sua participação em uma sessão da Comissão Especial sobre Competências Federativas, realizada nesta terça-feira no Congresso, o secretário fez duras críticas à administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PEC da Segurança, em discussão no Congresso, foi um dos principais alvos de Derrite, que se posiciona como um forte candidato ao Senado nas próximas eleições, com o respaldo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Críticas à Proposta de Emenda à Constituição
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança, que já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ainda aguarda a análise do plenário. O relator da proposta, deputado Mendonça Filho (União-PE), de oposição ao governo, afirmou que a expectativa é votar o texto na primeira semana de novembro. Contudo, a proposta enfrenta resistência, principalmente de parlamentares alinhados a Bolsonaro. Para eles, a PEC concentra poder excessivo nas mãos da União, em detrimento da autonomia dos estados.
Derrite destaca que o governo federal deseja “engessar” os estados, propondo um modelo centralizador que, segundo ele, não respeita a autonomia necessária para que as unidades federativas conduzam suas políticas de segurança. “O governo não pode centralizar tudo, ditando diretrizes baseadas em um conselho nomeado pelo próprio governo”, criticou o secretário.
Os desafios da segurança pública
Além dos comentários sobre a PEC, Derrite também abriu o debate sobre as audiências de custódia, que possibilitam a soltura de criminosos em certas circunstâncias. Ele argumentou que as audiências de custódia não têm sido efetivas na resolução dos problemas de segurança e que, na verdade, as liberações, muitas vezes, estimulam a criminalidade. “Precisamos criar critérios objetivos para a conversão de prisão preventiva”, afirmou, referindo-se a como a impunidade gera um ambiente favorável para o crime.
“O que vai resolver o problema da segurança é a resolução dos mecanismos que trazem impunidade. Isso é um câncer maligno,” completou Derrite, evidenciando a gravidade da questão para a sociedade e reforçando seu posicionamento como um candidato forte e preparado para as demandas que surgirão no Senado.
Preparativos para a candidatura ao Senado
Cercado por apoiadores e figuras da política bolsonarista, Derrite aproveitou a oportunidade para resgatar dados sobre a segurança pública em São Paulo e reafirmar suas intenções eleitorais. Ele deverá deixar a secretaria de Segurança antes do prazo legal de desincompatibilização, previsto para abril de 2026, como parte de uma estratégia calculada para facilitar sua candidatura ao Senado. A expectativa é de que ele se afaste até março de 2024, após articulações com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ao se referir à importância de sua atuação à frente da Secretaria de Segurança, Derrite pontuou que “tudo o que está sendo feito vai nos gerar frutos à frente”. A busca por uma das duas vagas disponíveis no Senado é considerada crucial pelo secretário e seus aliados, especialmente em um contexto político em que a direita quer consolidar sua presença no Legislativo.
O cenário eleitoral e o futuro político
A corrida pelo Senado está aquecida, especialmente após a desistência do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que permanece nos Estados Unidos após temores de prisão ao retornar ao Brasil. Outros nomes, como Marcos Feliciano (PL) e Cezinha Madureira (PSD), também estão na disputa pela segunda vaga, aumentando a competição.
O momento é delicado para Derrite, que, apesar de seu foco na segurança, não pode ignorar os desafios que o cercam, como a crítica à letalidade policial e as tensões internas no governo. Embora os índices de homicídios e roubos tenham apresentado melhora, o aumento das ações letais pela polícia continua sendo um tema sensível e que poderá impactar sua imagem e sua trajetória política.
À medida que se aproxima o pleito de 2024, as declarações de Guilherme Derrite e suas articulações políticas devem ser acompanhadas de perto, dado que o cenário político brasileiro permanece em constante mudança e repleto de possibilidades.