O Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio de Janeiro se encontra em meio a uma disputa interna ao analisar suas opções para a candidatura ao Senado nas próximas eleições de 2026. A principal novidade é a intenção de filiação do sambista Neguinho da Beija-Flor, que desponta como o candidato preferido da ala que controla o partido. No entanto, outros grupos no PT apoiam a deputada federal Benedita da Silva, uma das figuras mais respeitadas do partido, que deseja se candidatar pela última vez.
Neguinho da Beija-Flor e suas credenciais políticas
A proposta de lançar Neguinho como candidato foi inicialmente sugerida pelo prefeito de Maricá e vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá. O filho de Quaquá, Diego Zeidan, que lidera o diretório fluminense, confirmou que as negociações para a filiação estão em andamento, com a escolha de uma data e formato para o evento. Vale lembrar que Neguinho foi associado ao PL até 2013, antes de a sigla se tornar parte do bolsonarismo, o que levanta questões sobre sua trajetória política.
Com sua popularidade inegável, Neguinho é visto como uma figura que pode ultrapassar a bolha tradicional da política de esquerda. “Precisamos de candidatos que dialoguem com o povo, que não estejam restritos a academias e áreas de classe média. Neguinho tem essa capacidade”, afirma Zeidan, reconhecendo a necessidade de reunir apoio popular para derrotar candidatos bolsonaristas.
Benedita da Silva: a veterana do PT
Por outro lado, Benedita da Silva não fica atrás e já iniciou sua agenda de campanha, visitando cidades e buscando apoio entre líderes e militantes locais. Ela conta com a colaboração de figuras influentes do partido, como Marcelo Freixo e Anielle Franco. Sua estratégia inclui fortalecer as ligações com a base eleitoral e assinalar sua candidatura como uma representação robusta da liderança negra no Senado.
Em um recente evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referindo-se a Benedita, declarou que ela seria “a mais bonita senadora deste país, a mais forte representação negra deste país”. Esse endosse é visto como um impulso significativo para sua candidatura.
Conflito e estratégias dentro do PT
A ala petista favorável a Neguinho acredita que a candidatura dele e de Benedita não é mutuamente exclusiva e que ambos podem concorrer simultaneamente. Essa estratégia é comparada à vitória do ex-jogador Romário, que teve grande apoio popular durante sua eleição, mesmo enfrentando uma forte concorrência. Em uma nota divulgada pelo partido, enfatiza-se que a união de candidatos carismáticos é crucial para atrair a diversidade de votantes necessária para vencer no cenário atual.
No entanto, nem todos dentro do partido compartilham desse otimismo. Há quem considere que a movimentação de Quaquá poderia ser uma tentativa de sabotar a candidatura de Benedita, utilizando Neguinho como um “balão de ensaio”. No final das contas, a decisão definitiva sobre a candidatura deve ser feita pela executiva estadual, que realizará uma votação.
Desafios nas eleições de 2022
A divisão entre candidatos progressistas foi um desafio nas eleições de 2022, quando a esquerda do Rio se fragmentou entre Alessandro Molon e André Ceciliano, e Romário conseguiu se reeleger, superando ambos. Essa experiência negativa reforça a urgência de uma candidatura unificada para o Senado.
No atual cenário, o PT do Rio se prepara para um teste significativo, utilizando o evento de filiação de Neguinho da Beija-Flor como uma alavanca para unir forças e mobilizar apoio popular. O resultado dessa disputa interna pode moldar não apenas as eleições de 2026, mas também o futuro político do partido no estado.
Com o fervor crescente das campanhas, tanto Neguinho quanto Benedita demonstram que a corrida ao Senado no Rio de Janeiro será intensa e repleta de altos e baixos, refletindo o panorama político nacional.