No dia 14 de novembro, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, do partido MDB, anunciou que irá investigar as contratações feitas pelo cantor Davi Goulart, primo do secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Rodrigo Goulart. A decisão vem à tona após reportagens que questionam a base legal e o valor dos contratos firmados entre a Secretaria Municipal de Cultura e o artista, que aparentemente possui uma visibilidade reduzida nas plataformas de streaming.
Contratações polêmicas e valores elevados
Conforme noticiado pelo jornal O GLOBO, Davi Goulart, que possui apenas sete ouvintes mensais no Spotify, recebeu a quantia de R$ 880 mil da Secretaria Municipal de Cultura para realizar apresentações em quermesses da cidade. Cada show custou R$ 50 mil, um valor que gerou questionamentos sobre a adequação e necessidade dos investimentos em eventos culturais.
Em entrevista, Ricardo Nunes comentou sobre a situação: “Acho que é importante colocar isso. O segundo, o que a Cultura me passou, é que todos os procedimentos foram adotados e não existe irregularidade, mas eu pedi para fazer uma nova apuração. Se alguém errou, se houve alguma falha, as pessoas serão responsabilizadas”. Assim, o prefeito aponta que, apesar do vínculo familiar entre Davi e Rodrigo, a contratação em si não é suficiente para indicar ilegalidade a princípio.
Análise da relação entre emendas e contratações
O cenário se complica ao se analisar a relação entre as contratações de Davi e a atuação de Rodrigo Goulart. No ano passado, por exemplo, o vereador licenciado destinou R$ 700 mil em emendas ao Circuito Cultural de Rua, um programa municipal que financia shows. Nos meses subsequentes, Davi foi contratado para três apresentações que totalizaram R$ 425 mil, gerando suspeitas sobre a influência do secretário nas contratações artísticas.
Além disso, nos últimos anos, Rodrigo Goulart direcionou suas emendas a eventos e artistas da produtora Fino Tom, que representa Davi. Um total de 47 emendas, totalizando mais de R$ 3 milhões, foi registrada, vinculada à contratação de artistas previamente determinados. Essa abordagem levanta preocupações sobre a transparência e a justiça nas decisões de alocação de recursos públicos.
Resposta da Secretaria de Cultura
A Secretaria de Cultura posou defensivamente sobre as acusações, afirmando que “todas as contratações artísticas seguem rigorosamente os critérios legais”. Também foram destacados os processos que envolvem a comprovação de valores compatíveis e documentação que atesta a consagração dos artistas contratados. Essa declaração visa tranquilizar a população sobre a legalidade e a adequação dos gastos públicos relacionados à cultura.
Rodrigo Goulart, por sua vez, não elaborou além das declarações da secretaria e não compartilhou detalhes adicionais sobre as contratações ou sobre Davi, que não respondeu a mensagens enviadas nas redes sociais. A falta de comunicação clara gera uma atmosfera de incerteza e desconfiança, que pode prejudicar a imagem da Prefeitura de São Paulo.
Conclusão e implicações
A investigação proposta por Ricardo Nunes demonstra a preocupação da gestão municipal em garantir a transparência nas contratações realizadas com dinheiro público. Contudo, a relação estreita entre o secretário e o artista pode dificultar a percepção pública da imparcialidade dos processos. A revelação dos contratos questionáveis pode levar a uma maior vigilância sobre como os recursos destinados à cultura são geridos e para quais artistas realmente vão. A população de São Paulo aguarda desdobramentos sobre a investigação e as ações que serão tomadas para lidar com possíveis irregularidades.
Se comprovadas falhas nesse processo, as consequências poderão se refletir em toda a administração, afetando a confiança de cidadãos nas operações governamentais. Tal situação ressalta a importância de manter não apenas a legalidade, mas também a ética nas decisões que envolvem o uso de recursos públicos.