Na última segunda-feira, 13 de outubro, Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, faleceu após ingestão de uma planta tóxica conhecida como “falsa couve”. A mulher estava internada desde o dia 8 de outubro em Patrocínio, no Alto Paranaíba, Minas Gerais. Seu quadro de saúde se deteriorou drasticamente no domingo, 12, levando a graves lesões cerebrais.
Informações sobre a morte de Claviana foram divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde. O velório acontecerá nesta terça-feira, 14, na Funerária do Baiano, em Guimarânia, com sepultamento programado para as 17h no Cemitério Municipal.
Intoxicação em família com “falsa couve”
O incidente ocorreu na quarta-feira (8), por volta das 15h, quando quatro pessoas, incluindo Claviana, passaram mal após ingerirem a planta durante um almoço em uma chácara na zona rural. Os primeiros atendimentos foram feitos por equipes do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). As vítimas apresentaram quadro grave, chegando a sofrer paradas cardiorrespiratórias, mas foram reanimadas.
- A planta, cientificamente conhecida como Nicotiana glauca, foi confundida com a dogmática “coube” por ser semelhante às folhas desse vegetal comum.
- Um homem de 67 anos, o menos afetado, recebeu alta no dia 9, enquanto dois outros homens continuam internados, um deles em coma induzido.
- Uma criança de apenas 2 anos também foi hospitalizada, mas apenas para observação, pois não ingeriu a planta.
Investigação e alertas sobre a “falsa couve”
A Secretaria de Saúde revelou que uma parte da “falsa couve” foi encontrada na boca de Claviana e será analisada pela Fundação Ezequiel Dias (Funed) em Belo Horizonte. Em resposta ao caso, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o envenenamento acidental.
O que é a “falsa couve”?
A planta Nicotiana glauca pertence à família Solanaceae, a mesma de tomates, batatas e pimentas. Apesar de haver muitas plantas comestíveis nesta família, algumas como a beladona são extremamente tóxicas. A “falsa couve” se tornou conhecida por sua aparência similar à couve verdadeira, o que alimenta o risco de confusões.
O professor e biólogo Guilherme Ceolin, da UFSM-FW, destaca que as folhas da “falsa couve” são de um verde mais claro, com nervuras menos marcadas, em comparação às folhas mais largas e escuras da verdadeira couve. Esta semelhança, aliada ao desconhecimento sobre as plantas, pode resultar em trágicas confusões, especialmente para quem não possui experiência em identificar vegetais.
Riscos à saúde e sinais de intoxicação
A intoxicação pela planta ocorre devido à presença da anabazina, um composto que afeta a transmissão nervosa, apresentando sintomas como paralisia muscular, dificuldades respiratórias e alteração na visão. A biomédica toxicologista Ingrid Dragan alerta que a gravidade da intoxicação está diretamente relacionada à quantidade consumida.
“Os sinais de intoxicação podem evoluir rapidamente, levando à morte por paralisia respiratória. Não há tratamentos caseiros eficazes, e a pessoa deve ser levada imediatamente ao pronto-socorro”, destaca Dragan, ressaltando a seriedade do incidente e a necessidade de cuidados redobrados na identificação e consumo de plantas potencialmente perigosas.
Este trágico evento serve como alerta sobre a importância de reconhecer plantas que podem causar intoxicação, destacando a necessidade de atenção e educação sobre os perigos que podem existir em nosso entorno natural.