O aumento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, impulsionado pelos tarifões do governo Trump, acentuou a crise enfrentada pelos produtores de soja americanos. Com as exportações ao maior mercado de oleaginosas do mundo em queda, o Brasil emerge como alternativa estratégica, impulsionando as vendas de soja brasileira para a China.
Tarifas de Trump e queda nas exportações americanas
Desde a imposição de tarifas adicionais de 20% sobre produtos, incluindo soja, Pequim passou a restringir sua compra de oleaginosa dos EUA, impactando diretamente o setor agrícola do país. Segundo a Associação de Soja dos Estados Unidos (ASA), as exportações de soja para a China, que representavam metade dos US$ 24,5 bilhões em vendas norte-americanas, foram reduzidas a 50% em um ano. Como consequência, os preços da soja despencaram aproximadamente 40%, afetando financialmente os agricultores.
Classe de agricultores e perspectivas de colheita
Travis Hutchinson, agricultor de Maryland, afirma que, embora preveja uma boa colheita, muitos produtores não terão condições de obter renda suficiente. “Na melhor das hipóteses, 40% da nossa produção será vendida a preço de custo”, revela. Hutchinson, que cultiva soja e milho em uma propriedade de cerca de 1.375 hectares, mostra-se frustrado com a prolongação do conflito comercial.
Para os produtores norte-americanos, a situação é agravada pelo fato de a Argentina também oferecer soja mais competitiva ao mercado chinês, após suspender impostos à exportação. Diante desse cenário, o Brasil se torna o principal fornecedor de oleaginosas para a China, atingindo recordes de vendas anuais em outubro, segundo o setor.
Brasil, a nova ameaça ao mercado americano
Com preferência recorrente pela soja brasileira, a China tem ampliado suas compras ao país sul-americano. Dados do setor indicam que as vendas de soja brasileira ao gigante asiático já ultrapassaram os níveis de anos anteriores, colocando o Brasil na posição de principal fornecedor mundial e ameaçando a estabilidade econômica do agronegócio dos EUA.
Reações do governo e o futuro da relação comercial
O presidente Trump garantiu que parte das receitas oriundas das tarifas será devolvida aos agricultores americanos, embora sem detalhes precisos. Além disso, anunciou tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses e cancelou a reunião prevista com o presidente Xi Jinping, aumentando a incerteza no comércio bilateral. O presidente da ASA, Caleb Ragland, criticou a situação, afirmando que “os produtores de soja enfrentam dificuldades financeiras”.
Especialistas alertam que o cenário dos EUA é pior do que o vivido há sete anos, durante a primeira guerra comercial entre as nações. Na ocasião, perdas de cerca de R$ 104 bilhões aconteceram, com subsídios do governo americano, e hoje o setor encara uma crise agravada por custos mais elevados e baixa liquidez, com aumento de falências e dificuldades econômicas.
Perspectivas e desafios para os agricultores dos EUA
Segundo o economista Scott Gerlt, a situação atual, especialmente nos estados centrais, é preocupante. Os silos estão cheios e as saídas comerciais dificultadas, agravando os prejuízos do setor. A expectativa é de que o conflito, se prolongado, tenha efeitos duradouros e trate das estratégias de mercado e apoio governamental para os agricultores americanos.
Enquanto isso, o Brasil se beneficia do cenário internacional, consolidando sua posição como maior exportador mundial de soja, com crescimento nas vendas para a China e fortalecimento da agroindústria brasileira no mercado global.
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