O Fundo Monetário Internacional (FMI) analisou, em seu relatório divulgado nesta terça-feira (14), os possíveis impactos da reforma tributária no crescimento econômico do Brasil, além de revisar suas projeções para os próximos anos. A entidade destaca que a implementação de mudanças fiscais pode influenciar a trajetória de crescimento do país e a dinâmica da dívida pública.
Perspectivas econômicas e a influência da reforma tributária
De acordo com o relatório, a reforma tributária tem potencial para reduzir obstáculos ao crescimento, melhorar a arrecadação e fortalecer o espaço fiscal do Brasil. No entanto, o FMI reforça que sua implementação deve ser conduzida de forma responsável, considerando o impacto sobre a dívida e a estabilidade macroeconômica. O documento aponta que, sem uma reforma fiscal eficiente, o país poderá enfrentar dificuldades para sustentar o crescimento de longo prazo.
Impactos na dívida e na atividade econômica
O FMI prevê que, se a reforma for bem planejada, o Brasil poderá obter melhorias na arrecadação e na eficiência do sistema fiscal, o que contribuirá para equilibrar as contas públicas. Entretanto, o relatório adverte que, na ausência de avanços, o país poderá apresentar um aumento ‘significativo’ da dívida como proporção do PIB em 2025, impactando a sustentabilidade fiscal a médio prazo.
Cenário de desaceleração em 2026
O documento também reforça a expectativa de uma desaceleração mais forte da economia brasileira em 2026, principalmente devido ao impacto das tarifas dos Estados Unidos e à moderada atividade doméstica. A previsão de crescimento do PIB para 2026 foi revisada de 2,1% para 1,9%, indicando um cenário de maior ritmo de restrição monetária e externalidades desfavoráveis. A previsão oficial do governo para 2026 é de crescimento de 2,4%, mais otimista que a projeção do FMI.
Sinal de moderação e desafios externos
O relatório enfatiza que sinais de moderação vêm aparecendo na economia brasileira, devido às políticas monetária e fiscal restritivas adotadas pelo Banco Central, que elevou a taxa básica de juros para 15%, buscando conter a inflação. O FMI estima uma inflação média anual de 5,2% para este ano, acima da meta oficial de 3%, apontando para o desafio de equilibrar crescimento e controle de preços.
Contexto internacional e riscos externos
Além da reforma tributária, o FMI destaca que as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, a exemplo de uma tarifa de 50% aplicada em agosto, reforçam o peso das tarifas no cenário externo. Essas tarifas impactam negativamente a demanda por produtos brasileiros e contribuem para a desaceleração, ao mesmo tempo em que afetam as perspectivas de expansão do comércio internacional.
Segundo o relatório, as condições externas mais desafiadoras, aliadas a um espaço fiscal restrito, dificultam a necessidade de estímulo à demanda doméstica, podendo influenciar o ritmo de avanço da atividade econômica nos próximos anos.
Implicações para a dívida pública e o crescimento de mercados emergentes
O FMI também informa que o Brasil, junto a países como China, França e Estados Unidos, deve apresentar um aumento “significativo” na proporção da dívida em relação ao PIB em 2025, refletindo os resultados dos saldos primários projetados para o período. A perspectiva de crescimento para as Economias de Mercados Emergentes e em Desenvolvimento foi revisada para 4,2% neste ano, corroborando o crescimento mais resiliente do grupo, impulsionado por fatores internos e agrícolas.
Especialistas apontam que a reforma tributária, ao promover maior eficiência fiscal, pode ajudar o Brasil a enfrentar esses desafios e estimular seu crescimento sustentável, mesmo diante das incertezas externas.
Mais detalhes sobre o impacto da reforma tributária na economia brasileira e suas projeções futuras podem ser acompanhados na matéria completa do G1.