Brasil, 14 de outubro de 2025
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Allan Cole: a trajetória do amigo de Bob Marley no Náutico

O curioso encontro entre o futebol e a música na história de Allan Cole, ojamaicano que jogou pelo Náutico.

Em um enredo que mistura futebol e música, a história de Allan Cole, o jamaicano que jogou pelo Náutico, revela um fascinante episódio sobre amizade, talento e desafios. Conhecido como o “Pelé da Jamaica”, Cole deixou sua marca tanto nos gramados brasileiros quanto no mundo do reggae, onde seu amigo próximo era o icônico Bob Marley.

A excursão do Náutico e o encontro com Cole

Em 1971, quando a equipe do Náutico foi convidada para uma excursão pela América Central, a ideia era disputar vários amistosos. O time, que atravessava dificuldades financeiras, viu na viagem uma oportunidade de honrar os salários atrasados de seus jogadores. Com partidas programadas em Trinidad e Tobago, Jamaica e Haiti, o Náutico se preparou para desafios emocionantes, sem saber que faria a história se cruzar com a música mundial.

Durante o jogo contra a seleção jamaicana, o número 10 da equipe adversária era ninguém menos que Allan Cole, que além de ser uma estrela do futebol, era um dos melhores amigos de Bob Marley. A ligação entre Cole e Marley ia além do gramado; eles compartilhavam uma amizade profunda e, surpreendentemente, ambos tinham uma paixão pelo futebol.

A amizade com Bob Marley e o amor pelo futebol

Bob Marley, o Rei do Reggae, era um apaixonado pelo futebol. Em seus momentos de lazer, gostava de jogar com amigos, incluindo músicos brasileiros que participou de um famoso jogo em 1980 no Rio de Janeiro. A devoção dos jamaicanos pelo futebol brasileiro e o reconhecimento da habilidade do Brasil em campo eram frequentemente mencionados por Marley, que chegou a afirmar: “A Jamaica gosta de futebol por causa do Brasil”.

Foi durante a excursão do Náutico na Jamaica que a diretoria do clube decidiu convidar Allan Cole para se juntar à equipe, uma proposta que ele aceitou de imediato. Assim, em novembro de 1971, Cole desembarcou em Recife para iniciar uma nova e promissora etapa em sua carreira.

Estreia e desafios no Brasil

Allan Cole fez sua estreia em um amistoso contra o Sport no dia 28 de novembro de 1971, onde marcou um gol, deixando a torcida animada. Mesmo diante das provocações dos rivais, Cole conseguiu se destacar, cumprindo com a expectativa da diretoria do Náutico após um começo positivo.

Entretanto, a alegria durou pouco. Diferenças financeiras acabaram levando Cole de volta à Jamaica, logo após sua primeira partida. O Náutico oferecia um salário que não atendia às demandas do jogador, resultando em sua saída prematura. Contudo, em janeiro de 1972, Cole enviou um telegrama ao clube anunciando seu retorno.

Anos de dificuldades e lesões

Após a assinatura do contrato definitivo e algumas participações no Campeonato Pernambucano, a trajetória de Cole pelo Náutico foi marcada por lesões e um desempenho aquém das expectativas. A equipe não conseguiu se destacar no Campeonato Brasileiro daquele ano, e a comissão técnica estava cada vez mais insatisfeita.

A relação de Cole com o técnico João Avelino tornou-se tensa, especialmente devido ao estilo de vida do jogador e seu cabelo black power, que não agradava ao novo treinador. “Os meus cabelos ninguém me obriga a cortá-los. É um costume de minha religião muçulmana”, afirmou Cole em defesa de sua identidade e de suas convicções.

O fim da passagem pelo Náutico e novos rumos

Em 1º de fevereiro de 1973, o Náutico decidiu rescindir o contrato de Allan Cole. Após 20 jogos, Cole retornou à Jamaica, onde continuou sua carreira em clubes locais. Ele se destacou pelo Santos de Kingston, onde conquistou o campeonato jamaicano em 1974. Sua carreira, no entanto, estava longe de terminar. Além de voltar a morar na Jamaica, ele se doou à produção musical e ao legado de seu amigo Bob Marley.

Após a morte de Marley em 1981, Cole continuou a trabalhar na indústria musical, ajudando a levar a música reggae a novos patamares. Embora sua carreira no futebol tenha tido altos e baixos, seu legado como o “Pelé da Jamaica” continua vivo, simbolizando a rica conexão entre o esporte e a música em sua vida.

Allan Cole faleceu em setembro de 2025, mas permanece uma figura importante na história do futebol brasileiro e na música reggae, lembrando-nos de que, em algumas histórias, como no futebol e na música, a amizade e o talento podem criar laços que transcendem fronteiras.

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