Brasil, 13 de outubro de 2025
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Silêncio do governo brasileiro sobre prêmio Nobel da paz a María Corina Machado

A venezuelana María Corina Machado recebeu o Nobel da Paz, mas governo brasileiro mantém silêncio sobre a premiação.

Três dias após o anúncio de que a venezuelana María Corina Machado venceu o Prêmio Nobel da Paz neste ano, o Itamaraty e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda não se manifestaram oficialmente sobre o evento. A opositora da ditadura de Nicolás Maduro dedicou o prêmio ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e, segundo informações, deve receber a premiação em meio a circunstâncias de clandestinidade.

María Corina Machado e sua trajetória política

Corina Machado, uma figura destacada na oposição venezuelana, defende abertamente uma intervenção militar dos EUA contra a Venezuela para derrubar o governo de Maduro. Sua postura a levou a ser criticada, inclusive por membros do Partido dos Trabalhadores (PT) do Brasil. Em 2024, durante uma campanha presidencial, ela buscou uma audiência com Lula, mas seu pedido não foi aceito.

A venezuelana foi indicada ao Nobel pelo senador americano Marco Rubio, simbolizando a estreita relação entre sua luta e a política norte-americana. No entanto, sua situação política é complexa; em 2024, Machado não pôde disputar a presidência, uma vez que seu nome foi barrado pelas instâncias eleitorais controladas pelo regime chavista. Substituindo-a, o diplomata Edmundo González Urrutia tentou a disputa, enfrentando muitos desafios e, eventualmente, tendo que se exilar.

Oposição e posturas controversas

Politicamente, María Corina Machado é frequentemente classificada como liberal-conservadora. Em 2017, defendeu sanções dos EUA contra o regime chavista e é uma das vozes proeminentes que advogam por uma ruptura militar como meio de restaurar a democracia na Venezuela. Essa linha dura, no entanto, gerou divisões dentro da oposição, onde críticos a acusam de priorizar a confrontação e comprometer possíveis negociações.

Machado tem uma longa trajetória de engajamento político, sendo uma das figuras mais visíveis na mobilização contra o governo chavista, como durante a coleta de assinaturas para um referendo revogatório contra Hugo Chávez em 2004. Apesar de sua resistência, ela enfrentou desafios significativos, incluindo ser preterida em primárias e inúmeras tentativas de marginalização por parte do governo.

Reações e silêncio diplomático brasileiro

O silêncio do governo brasileiro é notável, especialmente considerando a repercussão internacional do prêmio. Enquanto líderes latinos e até o ex-presidente Michel Temer se prontificaram a congratular Machado, Lula e o Itamaraty não forneceram nenhum tipo de nota ou resposta oficial à premiação, optando por um vácuo comunicativo que surpreende muitos analistas e observadores políticos.

No contexto da falta de reação do governo brasileiro, María Corina recebeu apoio de várias figuras influentes, incluindo uma mensagem do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Michel Temer, por sua vez, manifestou apoio à venezuelana, destacando o impacto positivo de sua luta pela democracia na Venezuela. Ele disse: “Faço chegar os meus cumprimentos e os meus parabéns pela outorga do Nobel da Paz, que é muito merecido por tudo o que ela fez na Venezuela e pela democracia no seu país”.

Além disso, Celso Amorim, assessor especial da presidência, fez um comentário que causou frisson, afirmando que o Nobel “priorizou a política em relação à paz” ao conceder o prêmio a Machado. Essa afirmação serviu para acirrar ainda mais os debates sobre a legitimidade da premiação, gerando discussões sobre o que realmente deveria ser celebrado quando se fala em paz e direitos humanos.

Críticos a essa premiação, como o líder cubano Miguel Díaz-Canel e o ex-presidente boliviano Evo Morales, expressaram suas preocupações sobre a escolha, ressaltando o impacto político da decisão na América Latina. A controversa figura de Machado continua a polarizar opiniões e debates, não apenas na Venezuela, mas em todo o continente.

Enquanto isso, a espera por uma posição oficial do Brasil levanta questionamentos sobre a postura diplomática do país frente a crises na América Latina e a importância do apoio à luta pela democracia. O que é certo é que o silêncio atual parece estar se tornando cada vez mais difícil de sustentar diante dos clamores por justiça e direitos humanos na região.

O cenário segue incerto, e muitos se perguntam quais serão os próximos passos do governo brasileiro em resposta a desafios tão complexos e delicados. O Nobel da Paz dado a María Corina Machado é mais do que uma honraria; é um símbolo de uma luta maior que ecoa nas ruas da Venezuela e deve continuar a ressoar nas esferas políticas e sociais de todo o mundo.

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