A Pré-COP, reunião ministerial preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), aberta nesta segunda-feira (13/10), começou marcada pela ausência da delegação dos Estados Unidos e o “silêncio” de representantes europeus sobre as metas climáticas. Este evento se torna crucial, pois faz parte das negociações que precedem a cúpula, que está agendada para acontecer entre 10 e 21 de novembro, em Belém, no Pará.
A participação das delegações no evento
De acordo com a organização do evento, 67 delegações participam das negociações. Trata-se do último encontro entre negociadores do clima antes da cúpula. A ausência dos Estados Unidos, liderados pelo governo do presidente Donald Trump, foi bastante comentada, uma vez que o chefe da Casa Branca anunciou a saída do Acordo de Paris logo ao assumir o mandato. Esse acordo visa a contenção do aumento da temperatura global, e sua retirada representa um retrocesso nas medidas climáticas a nível global.
Trump foi convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para participar da cúpula de líderes em Belém, no entanto, não se manifestou sobre um possível comparecimento. Para contornar a ausência do país nas negociações internacionais, o governo brasileiro optou por convidar representantes em nível estadual e municipal, buscando ampliar a representatividade e o diálogo sobre as questões climáticas.
O silêncio da Europa nas negociações
Outro ponto a se destacar na abertura da Pré-COP foi o que muitos chamaram de “silêncio” da União Europeia em relação à apresentação de suas metas climáticas. A Europa não fez questão de mencionar sua contribuição ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa brasileira que visa financiar a preservação das florestas. A falta de compromisso por parte dos países europeus preocupa os especialistas que estão monitorando as tendências climáticas mundiais.
Expectativas em relação ao Sul Global
André Guimarães, diretor executivo do Ipam e enviado especial da sociedade civil para a COP30, ressaltou que os diálogos têm sido liderados principalmente por países do Sul Global. Ele afirmou que “a Europa se absteve de participar até agora” e que faltando menos de 30 dias para a COP30, a Europa ainda não se manifestou, e não apresentou sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), essencial para as negociações.
Guimarães enfatizou a importância do momento atual, destacando que, com a ausência de condições favoráveis por parte do Norte Global, os países do Sul precisam unir esforços e avançar nas discussões. “Os Estados Unidos, outro país do importante Norte Global, já anunciou sua saída do Acordo de Paris. Então, temos um momento em que o Sul Global tem que trabalhar”, afirmou.
Implicações para o futuro das negociações climáticas
A organização dessa Pré-COP e a iminente COP30 representam uma oportunidade significativa para que os países discutam e articulem melhores formas de enfrentar as mudanças climáticas. No entanto, a falta de comprometimento por parte das principais nações emissoras de gases do efeito estufa, como os EUA e a Europa, pode dificultar o alcance de objetivos ambiciosos e essenciais para a mitigação das mudanças climáticas.
À medida que a COP30 se aproxima, o mundo aguarda um posicionamento claro não apenas dos líderes do Sul Global, mas também dos países do Norte, que historicamente têm uma maior responsabilidade por emissões e a consequente devastação ambiental. O engajamento dessas nações nas negociações pode ser determinante para o futuro do planeta, no que diz respeito à mitigação das consequências das mudanças climáticas.
A comunidade internacional aguarda com expectativa a COP30, que pode redefinir o compromisso global em relação às mudanças climáticas. Com o agravamento da situação climática em muitos países, é fundamental que lideranças reconheçam a urgência desse tema e colaborem em busca de soluções efetivas, práticas e sustentáveis.