A recente aposentadoria do ministro Luis Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF) abre espaço para que o presidente Lula indique um novo relator da Lava-Jato. Dentro desse cenário, a escolha de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, parece ser a mais provável. No entanto, sua indicação não deverá ocorrer sem controvérsias, já que representantes da oposição já se articulam para dificultar sua aprovação no Senado.
A escolha de Messias e a reação da oposição
Messias é visto entre os senadores opositores como um nome “ideológico do PT”, ligado a Lula e Dilma Rousseff. Essa percepção é um dos principais motivos que fazem sua indicação se tornar alvo de críticas. Com isso, a estratégia da oposição começou a ser desenhada, com foco na divulgação de um áudio explosivo onde Dilma se refere a Messias como “Bessias”, em uma conversa que ocorreu em 2016, durante um dos momentos mais tensos do governo da ex-presidente.
O áudio estratégico
Esse áudio, que já circula em grupos privados, é visto como um trunfo para os críticos, pois mostra a ligação de Messias com os governos do PT e pode ser utilizado para tentar constrangê-lo durante sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Para assumir o cargo no STF, o indicado pelo presidente precisa de pelo menos 41 votos, e a oposição está determinada a mobilizar esforços para evitar sua aprovação.
A ideia é embora o plano esteja sendo arquitetado na surdina entre os bolsonaristas, a realidade é que a Heurística da oposição é clara: atacar diretamente Messias, destacando sua tentativa de proteger Lula durante o processo de impeachment de Dilma.
Contexto da gravação e sua importância
A gravação em questão foi divulgada anteriormente pelo então juiz Sergio Moro e, na ocasião, Dilma menciona que enviaria a Messias o “termo de posse” como um recurso em caso de necessidade. A missão que Messias exercia na época era como subsecretário de assuntos jurídicos da Casa Civil e sua nomeação foi interpretada como uma manobra para resguardar Lula de ameaças legais durante a crise do impeachment.
Esse detalhe é crucial para a estratégia da oposição, que não medirá esforços para denegrir a imagem de Messias durante a sabatina. “Ele é o alvo mais fácil, basta colocar o áudio e sua ligação com o passado. A oposição vai agir firme”, afirmou um senador que acompanha de perto os movimentos políticos no Senado.
Possíveis consequências e reações
A movimentação repentina da oposição não deixou os membros do governo desconectados. Há quem considere que a chuva de críticas é parte do processo político natural do Brasil, e que Messias, sendo evangélico, pode ter algumas “vacinas” contra ataques mais agressivos. Contudo, ainda assim, a expectativa é que a sabatina seja bastante conturbada.
Do lado do governo, alguns senadores acreditam que o tempo de validade da crise já passou, e que tentar minar Messias pode ser visto como um ato de desespero. “É uma tentativa antiga de desestabilizar a base, mas já vimos isso antes e nada acontece”, afirmou um senador da base aliada.
O futuro do Supremo com a saída de Barroso
À medida que a aposentadoria de Barroso se concretiza, sua saída representa uma reconfiguração no STF e uma oportunidade para lula moldar o tribunal com nomes que fortalecerão seu legado. Isso gera uma pressão crescente tanto dos aliados quanto da oposição, que vêem a escolha do novo relator da Lava-Jato como uma etapa crucial na continuidade da política do governo.
Neste cenário politicamente tenso, o futuro de Jorge Messias, se indicado, será marcado por uma batalha com ecos do passado, que promete ser tão intensa quanto os acontecimentos que cercaram a Lava-Jato nos últimos anos. O desenlace desta história será um indicativo não só do futuro da Lava-Jato, mas também da capacidade de Lula em impedir que sua agenda de governo seja frustrada por ações na esfera jurídica.
Assim, as movimentações nos bastidores continuam, cada estratégia sendo alinhavada, com um cenário que mudará conforme novos desdobramentos ocorrerem.
