Quatro pessoas de uma mesma família foram hospitalizadas com intoxicação grave após consumirem a planta tóxica Nicotiana glauca, conhecida como ‘falsa couve’, durante almoço em uma chácara na zona rural de Patrocínio, no Alto Paranaíba. O caso ocorreu no dia 8 de outubro e chocou moradores da região, que já se mobilizam para evitar novos incidentes.
Quando e como ocorreu a intoxicação?
As vítimas foram expostas à Nicotiana glauca em um almoço familiar na zona rural de Patrocínio. Uma mulher de 37 anos, que apresenta o quadro mais grave, sofreu parada cardiorrespiratória durante atendimento na Santa Casa da cidade. Uma criança de 2 anos, que não ingeriu a planta, também foi levando à observação por precaução.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, a família, que recentemente se mudou para a chácara, acreditava que a planta era uma couve comum, pois ela possui aparência semelhante. Eles prepararam a planta refogada e a serviram na refeição, sem saber do risco à saúde.
Quem são as vítimas e o estado de saúde
As vítimas são:
- Mulher de 37 anos – quadro gravíssimo, sem despertar efetivo, com lesão cerebral identificada em tomografia;
- Homem de 60 anos – em coma induzido, dependente de aparelhos respiratórios;
- Homem de 64 anos – extubado e estável, avaliado para alta médica;
- Homem de 67 anos – que recebeu alta no dia seguinte ao incidente, 9 de outubro.
O estado de saúde das vítimas ainda inspira cuidados, e os médicos aguardam melhora da condição de alguns pacientes devido às intoxicações severas.
O que é a Nicotiana glauca e como ela é confundida com couve?
A Nicotiana glauca, popularmente chamada de charuteira ou fumo bravo, é uma planta altamente tóxica comum em áreas rurais e às margens de estradas brasileiras. Segundo a professora Amanda Danuello, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), ela contém alcaloides como a anabazina que podem causar paralisia muscular, respiratória e levar à morte se ingerida em quantidade suficiente.
A especialista alerta que a forma de preparo do vegetal pode alterar a gravidade da intoxicação. “Ela é bastante comum em áreas rurais, e por suas características, pode ser confundida com couve. Quanto à aparência, a Nicotiana glauca possui folhas mais finas, textura aveludada e coloração verde-acinzentada, diferenças que podem passar despercebidas sem atenção”, explicou.
Como distinguir a falsa couve da couve verdadeira?
De acordo com a professora, a couve que consumimos geralmente tem folhas mais grossas e nervuras marcadas, enquanto a Nicotiana glauca possui folhas mais finas, com aspecto aveludado e coloração verde mais vivo. Ainda assim, a comparação visual pode ser difícil, motivo pelo qual o ideal é nunca consumir plantas das quais não se tem certeza da procedência.
Investigações e recomendações
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias da intoxicação. A principal linha de investigação aponta para envenenamento acidental, já que a planta tóxica foi encontrada próxima à despensa da residência, após a família relatar que confundiu a planta com couve ao prepará-la para o almoço.
Segundo o boletim de ocorrência, o vegetal foi localizado nas proximidades da cozinha, reforçando a hipótese de erro na identificação. A polícia busca entender se houve negligência ou intenção ilícita na má interpretação da planta.
Orientações importantes e cuidados
Especialistas destacam que, em caso de ingestão de Nicotiana glauca, não há antídoto específico. O atendimento médico imediato é essencial para evitar complicações graves, incluindo sequelas neurológicas ou respiratórias.
Para evitar acidentes, a recomendação é não consumir plantas sem conhecer sua procedência e observar as diferenças físicas sob orientação de especialistas. A intoxicação por essa planta pode ser fatal, sobretudo se ingerida crua ou cozida de forma inadequada.
As informações sobre o caso estão sendo acompanhadas de perto pelas autoridades locais, e a expectativa é esclarecer as circunstâncias exatas da intoxicação. O episódio levanta alertas sobre os riscos da manipulação de plantas tóxicas em ambientes rurales e domésticos.
Fonte: g1 MG – Caso de intoxicação com falsa couve