O ex-presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), Alessandro Stefanutto, prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) nesta segunda-feira, 13 de outubro, e revelou que uma foto ao lado de Leila Pereira, dirigente do Palmeiras e ex-presidente da Crefisa, lhe causou “prejuízo pessoal” por ser torcedor do Corinthians. O caso levanta questionamentos sobre a relação do INSS com a Crefisa, que possui contrato para realizar pagamentos a aposentados e pensionistas.
A repercussão da foto
Durante seu depoimento, Stefanutto enfatizou que a imagem ao lado de Leila não implica em irregularidades, apesar de sua notoriedade entre os torcedores. “Essa foto me causou muito prejuízo, porque eu sou corintiano. Muito prejuízo pessoal! Vejam na minha rede. Mas uma foto não quer dizer que haja qualquer coisa em desacordo. Porque normalmente os desacordos, o senhor foi promotor, sabe disso, não são feitos tirando foto”, afirmou.
A farra do INSS: um escândalo em investigação
O escândalo do INSS foi revelado pelo portal Metrópoles, que publicou uma série de reportagens a partir de dezembro de 2023. A investigação constatou que a arrecadação das entidades, por meio de descontos em mensalidades de aposentados, disparou, alcançando R$ 2 bilhões em um ano. Ao mesmo tempo, milhares de processos por fraudes nas filiações de segurados começaram a emergir.
As reportagens do Metrópoles foram fundamentais para a abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e deram suporte às apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram citadas pela corporação, levando à Operação Sem Desconto, que resultou nas demissões de Stefanutto e do ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi.
As relações da Crefisa com o INSS
Stefanutto estava respondendo perguntas feitas pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), sobre a relação da Crefisa com o INSS. Gaspar questionou a proximidade entre Stefanutto e Leila Pereira, enfatizando que um presidente da maior autarquia do país deveria tratar com cautela seu relacionamento com uma companhia que presta serviços ao órgão federal.
Após a exibição da foto no telão da Comissão, o deputado comprometeu-se a investigar o contexto dessa relação e as implicações para a governança do INSS. Não é a primeira vez que a Crefisa é mencionada no âmbito da CPMI. Recentemente, o senador Marcos Rogério (PL-RO) havia afirmado que a instituição “pagou para ter a folha do INSS”, durante sua intervenção na sessão.
Análise política e jurídica da situação
A situação envolvendo a Crefisa e o INSS traz à tona uma série de preocupações sobre a transparência das relações entre instituições públicas e privadas. Por um lado, a afirmação de que a Crefisa teria adquirido um “contrato milagroso” com o INSS sugere a possibilidade de corrupção e interesses escusos. Por outro lado, o desgaste público sofrido por Stefanutto devido à sua posição como torcedor também inicia debates sobre a forma como a política e as paixões esportivas podem intersectar e influenciar decisões administrativas.
Com as investigações em curso, a CPMI não descarta a possibilidade de convidar diretamente Leila Pereira para depor, conforme novos detalhes forem surgindo das investigações.
O desdobramento dessa situação promete agitar ainda mais os ânimos dos torcedores e cidadãos que devem acompanhar de perto as investigações e os possíveis impactos no cenário político e financeiro do Brasil.
No contexto geral, a transparência nas relações entre o setor público e o privado é vital e a sociedade espera que as situações de irregularidades sejam apuradas e punidas, assegurando que os direitos dos aposentados e pensionistas sejam respeitados e preservados.