Brasil, 13 de outubro de 2025
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Demissões visam reorganizar base do governo após derrota sobre MP

A ministra Gleisi Hoffmann comenta demissões de indicados que votaram contra o governo em medida provisória sobre tributos.

A recente decisão de demitir indicados por deputados que votaram contra o governo na votação da Medida Provisória (MP) que ampliava a tributação de sites de apostas e letras de crédito gerou agitação no cenário político brasileiro. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que essa ação é parte de um movimento para “reorganizar a base” de partidos que compõem a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo apelava pela aprovação da MP para aumentar a arrecadação e aliviar suas contas públicas, mas enfrentou resistência significativa, particularmente de legendas do Centrão e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Motivos por trás das demissões

Gleisi Hoffmann esclareceu que as demissões estão sendo discutidas em reuniões com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários. “Não tem nada de retaliação, é uma reorganização da base. É um direito e um dever do governo fazer isso”, destacou a ministra em entrevista ao jornal O GLOBO. A ministra ressaltou a importância de valorizar aqueles que mostram lealdade ao governo, adiantando que não faz sentido manter indicados em cargos provenientes de votos contrários.

Desdobramentos no Congresso

A ministra ainda apontou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve um papel ativo nas negociações com o Congresso, tentando encontrar um entendimento para uma MP alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Essa votação foi muito importante e envolvia o interesse do país e do governo. Não havia justificativa para quem se diz da base votar contra”, enfatizou Gleisi.

Para o Palácio do Planalto, o objetivo é realizar uma identificação rigorosa de cargos indicados por qualquer dos 251 deputados que optaram por votar contra a medida. A estratégia inclui analisar as ligações de influentes figuras políticas, como o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, e o ex-ministro Gilberto Kassab, que também estejam associados à articulação que culminou na perda da validade da MP. Além disso, a participação do governador Tarcísio de Freitas foi considerada um desafo à estratégia governamental.

Primeiras demissões e suas implicações

As demissões já começaram a ser implementadas. Nomes ligados a partidos como o PP e PL foram destituídos de suas funções na Caixa Econômica Federal, enquanto indicações no Ministério da Agricultura e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) também foram afetados. Um dos demitidos, José Trabulo Júnior, é notório por ter atuado em cargos sob a alçada de Ciro Nogueira enquanto o Brasil era governado por Jair Bolsonaro. Trabulo foi afastado de seu cargo de consultor da presidência da Caixa.

Outra mudança significativa ocorreu na vice-presidência de Sustentabilidade e Cidadania Digital do banco, que estava sob a liderança de Rodrigo Lemos. Agora, a posição será ocupada interinamente por Jean Rodrigues Benevides, demonstrando que a reorganização está tocando áreas estratégicas da gestão pública.

A estratégia política do Planalto

As vitórias no Legislativo são cruciais para qualquer governo, e o Palácio do Planalto não está hesitando em reafirmar sua posição. A presidência da Caixa e as vice-presidências foram estrutura priorizada por Arthur Lira (PP-AL) e um grupo que buscava estabelecer uma base de apoio robusta no governo. Além disso, a participação do PL, que mesmo sendo o partido de Bolsonaro, frequentemente concedeu apoio em votações relacionadas a reformas importantes, indica um cenário complexo na política brasileira.

Impacto nas superintendências do Ministério da Agricultura

As mudanças também se refletiram nas superintendências estaduais do Ministério da Agricultura, afetando quatro delas. Com os deputados do PSD do Paraná e do Maranhão votando contra a MP, foi necessário implementar mudanças nas gestões dessas superintendências. O mesmo aconteceu nas unidades do Pará e de Minas Gerais, onde as bancadas do PSD estavam divididas em relação ao apoio ao governo.

As demissões e reestruturações evidenciam a necessidade do governo Lula de solidificar sua base e garantir apoio essencial para a execução de suas políticas e projetos. A reorganização da base governista é vista como uma ação estratégica em um cenário onde a coesão dentro da política representa não apenas a sobrevivência de um governo, mas a estabilidade política do próprio Brasil.

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