Recentes estudos realizados na Flórida revelaram um preocupante alerta sobre a saúde marinha e humana. Delfins-nariz-de-botão encontrados na lagoa Indian River, próxima a Miami, apresentaram altos níveis de uma toxina cerebral chamada 2,4-DAB, com indícios alarmantes de que os mesmos sinais de Alzheimer observados em seres humanos estão presentes em seus cérebros. Essa situação levanta questões cruciais sobre a qualidade da água e os riscos que milhões de pessoas podem enfrentar ao consumir frutos do mar provenientes dessas áreas.
A pesquisa e seus resultados impactantes
Cinquenta e cinco delfins foram estudados entre 2010 e 2019, quando pesquisadores da Hubbs-SeaWorld Research Institute e da Universidade de Miami identificaram 2,4-DAB em todos os espécimes coletados durante a época das algas. Os testes mostraram que os níveis da toxina eram cerca de 3.000 vezes mais altos durante os meses de aumento das algas, conforme as temperaturas do mar subiam. Essa toxina se origina de organismos microscópicos, responsáveis por causar as danosas blooms algais que têm assolado a região por mais de 15 anos.
A proximidade da lagoa Indian River com o Condado de Miami-Dade, local que registrou o maior número de pacientes com Alzheimer nos EUA em 2024, leva a questionamentos sobre possíveis relações entre os casos humanos e as condições dos delfins. Os cientistas sugerem que os delfins podem ser uma espécie sentinela, alertando sobre os perigos destas neurotoxinas na saúde humana.
A conexão entre Alzheimer e os delfins
A relevância dos delfins no estudo do Alzheimer se dá pelo fato de que esses animais também desenvolvem naturalmente as principais alterações cerebrais associadas à doença à medida que envelhecem. A análise dos tecidos cerebrais dos delfins revelou a presença de placas de beta-amiloide e emaranhados de tau, similares ao que é encontrado nos cérebros humanos afetados pela doença. Além disso, houve descoberta de mudanças em 536 genes expressos nos delfins durante a estação das algas, muitos dos quais estão alterados em pacientes humanos de Alzheimer.
O impacto das blooms algais nos delfins
A concentração de 2,4-DAB nos cérebros dos delfins foi drasticamente maior durante os meses de verão, destacando a conexão entre o aumento das algas e os efeitos neurotóxicos. Esse neurotoxina tem um histórico de causar tremores e convulsões em estudos com animais, tornando a preocupação ainda mais alarmante, principalmente porque é uma estrutura semelhante a outras toxinas também associadas a casos de Alzheimer em humanos.
Por que isso importa para a saúde humana?
O aumento das blooms algais não é um fenômeno restrito à Flórida, sendo uma preocupação global com o avanço das mudanças climáticas. À medida que essas blooms se tornam mais frequentes e intensas, comunidades costeiras ao redor do mundo enfrentam riscos semelhantes. O acúmulo de toxinas nos peixes pode potencialmente impactar as dietas de pessoas que consomem frutos do mar provenientes de áreas afetadas, levantando a questão: a exposição crônica a essas neurotoxinas poderia aumentar o risco de Alzheimer nas populações costeiras?
A elevada prevalência de Alzheimer no Condado de Miami-Dade pode se refletir em uma combinação de fatores, incluindo idade, genética, acesso à saúde e exposição ambiental. Contudo, a correlação entre delfins com cérebros danificados por toxinas e o aumento de doenças neurodegenerativas em humanos não pode ser ignorada. Os delfins, como especies sentinela, nos alertam sobre os potenciais riscos que podem afetar não apenas eles, mas também a saúde da população humana que reside próxima a esses ecossistemas marinhos.
Concluindo, a situação dos delfins na Flórida é um chamado à ação para que as autoridades de saúde pública monitorem mais de perto os níveis de neurotoxinas nos ambientes marinhos e nos frutos do mar consumidos por seus cidadãos. O alerta lançado por esses animais é um sinal claro da necessidade de proteger tanto a vida marinha quanto a saúde humana.
Aviso: Este artigo é para fins informativos gerais e não fornece aconselhamento médico ou ambiental. Sempre consulte profissionais qualificados para orientação relacionada à saúde neurológica ou ecológica.