O preço do ouro atingiu um recorde histórico de mais de US$ 4 mil (cerca de R$ 21 mil) por onça (31,104 gramas) nesta semana, devido à crescente demanda por proteção contra a incerteza econômica global. Essa marca nunca havia sido alcançada desde os anos 1970, refletindo a forte busca dos investidores por ativos de refúgio em momentos de turbulência.
Fatores que impulsionaram a alta do ouro em 2025
De acordo com analistas do mercado financeiro, o aumento do ouro está ligado tanto às tensões geopolíticas quanto às incertezas nas políticas econômicas mundiais. A paralisação do governo dos Estados Unidos, agora na segunda semana, também tem contribuído para a busca por ativos seguros. “O ouro superou US$ 4 mil por onça e já registrou 52 novos recordes neste ano”, explicou Reghina Hammerschmid, gestora de carteiras na Vontobel.
Ela destacou que o retorno acumulado neste ano é de aproximadamente 54%, sendo a maior rentabilidade anual desde 1979. O aumento expressivo reflete o cenário de desaquecimento da economia americana, taxas de juros mais baixas e um dólar mais fraco, fatores que atraem investidores para o ouro como proteção contra o risco de queda do dólar e inflação.
Impacto da paralisação do governo dos EUA
Historicamente, paralisações no governo norte-americano elevam o valor do ouro, pois os investidores reforçam suas posições em ativos considerados seguros. Segundo Claudio Wewel, estrategista de câmbio na J. Safra Sarasin, a crise atual foi potencializada pelos ataques de Trump à independência do Fed e ao Estado de direito, que aumentaram a percepção de risco.
Além disso, o aumento da compra de ouro por investidores de varejo e bancos privados tem sido notável. Gregor Gregersen, fundador da Silver Bullion, afirmou que a base de clientes dobrou nos últimos 12 meses, com investidores armazenando o ouro de forma a garantir uma proteção duradoura, prevista para durar pelo menos cinco anos.
Rompendo a dependência do dólar e estratégias dos bancos centrais
Outro fator importante é o papel crescente dos bancos centrais na manutenção do preço do ouro. Desde 2022, essas instituições vêm comprando mais de 1 mil toneladas de ouro por ano – uma média quase duplicada em relação ao período de 2010 a 2021.
Países como Polônia, Turquia, Índia, Azerbaijão e China estão entre os principais compradores. Essa estratégia visa reduzir a dependência do dólar, proteger suas reservas contra a inflação e o risco de mercado, e fortalecer suas posições econômicas frente às políticas americanas.
Perspectivas futuras e riscos associados
Segundo especialistas como Carsten Menke, da Julius Baer, a expectativa é de que essa alta continue, sobretudo se o Federal Reserve diminuir as taxas de juros, tornando o ouro mais atrativo. No entanto, há riscos, como uma eventual intensificação da inflação, que poderia obrigar os EUA a elevar novamente os juros, impactando negativamente o mercado de metais preciosos.
Wong, analista do mercado, lembra que a estratégia de Trump de pressionar o Fed e descredibilizar sua autoridade pode gerar instabilidade adicional, reforçando a importância do ouro como escudo contra incertezas financeiras.
Assim, com um cenário de aumento nas tensões internacionais e políticas monetárias ainda instáveis, o ouro deve seguir como um ativo de destaque, atraindo investidores e bancos centrais ao redor do mundo.
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