Brasil, 12 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

MAGA Christians pressionam para que esposas fiquem em casa, mas há um problema

Mulheres conservadoras defendem submissão e o papel de cuidadoras, mas enfrentam dificuldades financeiras para seguir esse ideal tradicional.

Em um episódio recente do The Charlie Kirk Show, Erika Kirk, esposa do polêmico Charlie Kirk, declarou que a mulher deve ser principalmente a guardiã do lar, reforçando valores tradicionais cristãos e conservadores. No entanto, sua nova posição como CEO de uma grande organização levanta dúvidas sobre a compatibilidade entre esse discurso e a realidade econômica atual.

O papel da mulher na “união bíblica”

Durante a entrevista, Erika afirmou que “seu marido é quem sai para conquistar e batalhar pelo sustento da família”, enquanto ela se dedica a apoiar e administrar o lar. Ela também mencionou que, embora, em ocasiões, uma mulher possa precisar ficar em casa, seu próprio casamento terminou em divórcio, o que reforça sua ideia de que o casamento é mais forte sob a condição de o homem ser o provedor.

De esposa a CEO: um contraste na mensagem conservadora

Após o ataque que resultou na morte de Charlie Kirk na Utah, Erika Kirk foi nomeada como CEO e presidente do conselho da Turning Point USA, a organização que seu marido liderava. Em seu discurso, ela declarou que a voz de seu marido continuará viva e que “o show deve continuar”.

Especialistas questionam como ela poderá conciliar sua posição de liderança no setor político com o discurso de submissão feminina promovido por figuras conservadoras, que há décadas defendem que o papel da mulher seja no âmbito doméstico.

Conservadorismo e a tradição de Phyllis Schlafly

A história de Erika Kirk remete à de Phyllis Schlafly, ícone conservadora que combateu a ratificação da Emenda dos Direitos Iguais na década de 1970, ao mesmo tempo em que pregava a importância do submission e do papel de cuidadora. Schlafly, mãe de seis filhos e esposa de um advogado, sustentava que era possível equilibrar uma carreira política com uma vida de submissão em casa, sob permissão do marido.

Conciliação entre carreira e submissão

Enquanto sua antecessora foi uma ativista de longa data, Erika Kirk possui uma formação acadêmica sólida, com mestrado em estudos jurídicos e atualmente cursa doutorado em estudos bíblicos. Apesar disso, ela afirma que, quando encontrou Charlie Kirk, tudo mudou, e que para ela, a maternidade passou a ser prioridade.

Contradições e realidades econômicas

Para muitos críticos, essa defesa do papel exclusivamente maternal esconde uma dura realidade: a maioria das famílias não consegue sustentar uma mulher em casa devido ao alto custo de vida e baixa remuneração. Dados do Pew Research Center revelam que cerca de 67% das mães republicanas e 70% das democratas trabalham fora, refletindo a dificuldade de manter uma família apenas com uma renda.

O custo de creche, por exemplo, aumentou 13% entre 2022 e 2024, e o gasto médio com educação infantil representa mais de 24% da renda familiar, valor muito superior ao considerado acessível pelo governo federal.

Feminismo, tradição e resistência

Embora figuras como Erika Kirk e influenciadoras conservadoras reafirmem o valor da submissão e do papel tradicional da mulher, especialistas apontam que o movimento feminista não está sendo derrotado. Pelo contrário, ela se encontra em um momento histórico de maior influência e diversidade de escolhas para as mulheres.

Segundo a professora Shauna Shames, da Universidade de Rutgers, o discurso de quem afirma que “fim do feminismo” está próximo é uma estratégia antiga, que reforça a ideia de que as mulheres podem exercer seus papéis tradicionais com autonomia, mesmo em cargos de liderança.

Desafios e críticas aos modelos tradicionais

Ativistas como Allie Beth Stuckey e outras influenciadoras tradwife pregam que o verdadeiro “empoderamento” feminino é a opção de escolher ficar em casa sem culpa, o que contrasta com os debates feministas sobre igualdade e liberdade de escolhas.

Enquanto isso, figuras políticas e do setor de liderança continuam a dividir opiniões, com muitas mulheres chegando a cargos de destaque enquanto promovem uma visão de sociedade tradicional e conformada às normas bíblicas.

Perspectivas futuras

O paradoxo entre o discurso conservador e a realidade econômica continuará sendo um tema de debates e críticas. A questão central é: até que ponto os ideais tradicionais podem resistir às pressões sociais e financeiras do mundo contemporâneo? A resposta dependerá de como essas mulheres irão administrar essa tensão nos próximos anos.

Este cenário evidencia que, embora as narrativas de submissão e “ ter tudo” ainda existam, a complexidade das vidas modernas torna cada vez mais difícil manter essa dualidade de papéis sem enfrentar dificuldades financeiras ou questionamentos sobre a sua autenticidade.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes