O procurador-geral do Texas, Ken Paxton, um candidato republicano ao Senado dos EUA, revelou recentemente que seu escritório está planejando lançar operações secretas voltadas para ativistas liberais. Essa iniciativa surge em meio a um cenário de corrupção e escândalos que cercam Paxton.
Paxton e sua busca por autocontenção no cenário político
Após uma série de escândalos que incluem um julgamento de fraude em valores mobiliários e um impeachment, Ken Paxton tenta se reposicionar como um dos principais candidatos do Partido Republicano, alinhando-se ao ex-presidente Donald Trump. No ano passado, ele chegou a um acordo para evitar um julgamento por fraude e escapou da remoção do cargo após ser acusado de corrupção.
Aplaudindo a figura de Trump, Paxton anunciou suas operações secretas como uma resposta à chamada “assassinato político” do ativista Charlie Kirk, além de caracterizar um suposto aumento da violência por parte dos “esquerdistas” no país. Sua declaração foi carregada de teorias conspiratórias, o que levanta preocupações sobre suas verdadeiras motivações.
Operações secretas e sua retórica alarmista
O procurador-geral afirmou que essas investigações são necessárias para combater o que ele descreveu como uma “perigo claro e presente” representado pelo “terrorismo político esquerdista”. Em suas palavras, ideologias que considerou corruptas, como o “transgenerismo” e o movimento Antifa, foram vistas como um câncer na cultura americana.
O terrorismo político esquerdista é um claro e presente perigo. Ideologias corrompidas como o transgenerismo e o Antifa são um câncer em nossa cultura.
No entanto, Paxton não apresentou evidências que sustentem suas alegações. Pesquisas realizadas durante a administração Trump mostraram que extremistas de direita foram responsáveis pela maior parte do terrorismo doméstico nas últimas três décadas, enquanto a violência esquerdista permaneceu em níveis bem mais baixos.
Adicionalmente, a terminologia que Paxton utiliza — incluindo a classificação de “transgenerismo” como uma ideologia — não é respaldada factual e academicamente. Não há provas que suportem a afirmação de que pessoas trans são desproporcionalmente violentas, assim como as alegações de que grupos afiliados ao Antifa, os quais a FBI já disse não serem uma organização oficial, estão causando caos generalizado.
A retórica de Paxton e suas implicações
Paxton descreveu a morte de Charlie Kirk como um ponto de virada na América, enfatizando que não deve haver compromisso com aqueles que desejam a destruição de sua própria cultura. Ele expressou um desejo de “identificar, investigar e infiltrar essas células de terror esquerdistas”. Porém, não há evidência de que Kirk tenha sido alvo de algum grupo esquerdista, tornando a utilização de sua morte como justificativa para a repressão a conservadores ainda mais questionável.
“Para aqueles de mente perturbada que buscam matar, roubar e destruir nosso país, saibam que vocês não podem se esconder, não podem escapar e a justiça está a caminho”, declarou Paxton, uma ironia que não passa despercebida, visto que ele esteve associado a grupos extremistas.
Essas ameaças fazem parte de um crescente conturbado e alarmante dentro do movimento MAGA, assumidamente alinhado com a insurreição e a violação dos direitos civis. A retórica de Paxton poderia ser interpretada como uma tentativa de desviar a atenção dos verdadeiros problemas que o país enfrenta e apontar os dedos para os liberais como a verdadeira fonte da violência e do caos.
A crescente polarização política nos EUA levanta questões significativas sobre a segurança e os direitos civis de todos os cidadãos, independentemente de suas crenças políticas. O uso de operações secretas por autoridades como Paxton pode ser visto como um passo perigoso em direção à criminalização de opiniões divergentes.
À medida que o cenário político americano se desenrola, será essencial acompanhar como essas iniciativas de Paxton se desenvolvem — e qual será sua influência sobre o debate político e a sociedade como um todo.
