Brasil, 12 de outubro de 2025
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Carta ofensiva a adolescente com deficiência gera revolta em Ribeirão Preto

Família denuncia discriminação após filha receber carta de colega com frases ofensivas em escola particular.

No dia 6 de outubro, um caso de discriminação em uma escola particular de Ribeirão Preto (SP) chocou a comunidade e trouxe à tona o tema da inclusão de pessoas com deficiência. Uma adolescente de 12 anos, cadeirante e portadora de miopatia nemalínica, recebeu uma carta de uma colega de classe repleta de frases ofensivas e discriminatórias. O episódio gerou indignação entre os pais da jovem e levantou questionamentos sobre a postura da instituição de ensino frente a situações de bullying e preconceito.

A carta ofensiva e a repercussão do caso

O advogado Felipe de Carvalho Lucas, pai da adolescente, relatou que sua filha encontrou a carta em sua mochila e ficou devastada ao lê-la. Na mensagem, a colega expressou sentir “nojo” da adolescente e solicitou que ela “ficasse longe”. “Se a condição física da minha filha incomoda outra criança, é a outra criança que deve sair da sala. A minha filha não fez nada para ser ofendida. E o mais grave é que a escola está tratando isso como se fosse uma briga qualquer entre duas crianças,” afirmou Felipe.

A miopatia nemalínica é uma doença rara que provoca fraqueza muscular, mas não afeta as capacidades cognitivas. Felipe ressaltou que a escola, ao não compartilhar o conteúdo da carta com a família e evitar o acompanhamento emocional da adolescente, falhou em suas responsabilidades. “Até agora, ela não recebeu um pedido de desculpas. A escola tenta justificar dizendo que a outra aluna tem transtornos alimentares, mas isso não faz sentido. Não se trata de nojo de comida. É preconceito,” destacou.

Medidas legais e apuração das denúncias

Diante da gravidade da situação, a família registrou um boletim de ocorrência pelo crime de discriminação, conforme previsto no Estatuto da Pessoa com Deficiência. Além disso, os pais da jovem pretendem buscar responsabilização na Justiça. O advogado da família revelou que o caso foi comunicado às autoridades competentes e que uma supervisora da Unidade Regional de Ensino (URE) de Ribeirão Preto já está apurando a denúncia.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo condenou qualquer forma de bullying ou discriminação e enfatizou que as UREs têm a responsabilidade de supervisionar as escolas particulares para garantir o cumprimento das normas educacionais. Entretanto, Felipe questiona a falta de transparência da escola, que não forneceu acesso ao conteúdo da carta e nem registrou formalmente a situação, em desrespeito à legislação relacionada à inclusão de estudantes com deficiência.

Inclusão escolar e o relato da mãe

A fisioterapeuta Letícia Constâncio, mãe da adolescente, compartilhou que sua filha estuda na instituição há oito anos e que sempre enfrentaram dificuldades relacionadas à inclusão. Segundo ela, a escola não dispõe de profissionais de apoio adequados e já cometeu falhas em diversas ocasiões, como a falta de acessibilidade em eventos escolares e a ausência de acompanhamento durante aulas de educação física.

“Eles fazem parecer que estão nos fazendo um favor por aceitar uma criança com deficiência, mas inclusão é um direito. Em oito anos, a escola nunca se preparou de fato,” desabafou Letícia. Além disso, o impacto emocional do episódio foi tão significativo que a adolescente agora não quer mais voltar às aulas. A família já iniciou o processo de transferência para outra instituição de ensino.

A importância da conscientização e responsabilidade

O caso da adolescente em Ribeirão Preto evidencia a necessidade urgente de conscientização sobre a inclusão e o combate ao preconceito nas escolas. Profissionais da educação devem estar treinados e preparados para lidar com a diversidade e promover um ambiente acolhedor e seguro para todos os alunos, independentemente de suas limitações. Episódios de discriminação não devem ser tratados como simples incidentes, mas sim como uma falha sistêmica que requer atenção e ações concretas.

Enquanto isso, a história da adolescente e sua luta por respeito e dignidade precisa ecoar em nossa sociedade, lembrando que a inclusão deve ser uma prática diária e não uma decorrência apenas de normas legais. O que está em jogo é o bem-estar e a formação integral de jovens que merecem estudar e se desenvolver em um ambiente de empatia e aceitação.

O caso será acompanhado de perto pelas autoridades competentes e pela mídia, na esperança de que essa situação sirva como um alerta para a importância da educação inclusiva e da conscientização sobre as questões que envolvem a deficiência.

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