A um ano das eleições presidenciais de 2026, a campanha informal para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue se fortalecendo. Esse quadro é impulsionado por fatores internos e externos, como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos (EUA) e a indefinição da direita em encontrar um sucessor após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Elementos que, segundo analistas e dirigentes do Partido dos Trabalhadores, podem beneficiar a trajetória do atual presidente.
Avanços nas pesquisas e apoio popular
Uma pesquisa recente da Genial/Quaest, divulgada em 9 de outubro, confirma que Lula lidera em todos os cenários de 1º e 2º turnos. O ex-presidente Bolsonaro, atualmente inelegível, seria o adversário mais desafiador, mas sua situação limita qualquer potencial ameaça à candidatura petista. Embora Lula ainda não tenha confirmado oficialmente sua participação nas eleições de 2026, já demonstrou a intenção de se candidatar, a menos que algum problema de saúde o impeça. O presidente completará 80 anos em outubro próximo.
Cenário favorável para Lula
- A aproximação das eleições, programadas para outubro de 2026, mostra Lula em posição vantajosa, uma vez que os adversários ainda não estão 100% definidos.
- A atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que defendeu a imposição de sanções contra o Brasil, levou Lula a adotar uma postura de defesa firme da soberania nacional, fortalecendo sua imagem.
- A direita se mostra desorganizada e sem um consenso sobre um candidato, uma vez que ainda não se definiu quem herdará o legado de Bolsonaro, o que pode beneficiar a candidatura de Lula.
- No entanto, desafios permanecem, como a necessidade de estabelecer uma identidade clara para o governo Lula 3 e a construção de alianças políticas em alguns estados.
Impacto do tarifaço
A resposta eficaz de Lula às tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos foi bem recebida e, segundo aliados, ajudou a melhorar seus índices de aprovação. A postura forte do presidente foi evidenciada durante sua participação na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde a defesa da soberania nacional rendeu aplausos. Além disso, Lula retornou de sua viagem com a promessa de se reunir com o ex-presidente Trump para discutir as tarifas, estreitando o diálogo entre os dois países.
Internamente, a situação também apresenta sinais positivos. A inflação de alimentos, que anteriormente impactava negativamente a popularidade do presidente, melhorou, assim como a expectativa de avanço em pautas econômicas no Congresso, incluindo a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores com rendimento de até R$ 5 mil.
Deputados, como Jilmar Tatto (PT-SP), ressaltam que a administração Lula está se beneficiando da dinâmica atual, uma vez que o crescimento econômico e o controle da inflação ampliam a base de apoio ao governo.
Direita em desordem
A desorganização da direita é outro fator que pode favorecê-la. Com o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível até 2030 devido a condenações, ao menos cinco governadores surgem como potenciais candidatos ao Palácio do Planalto. Nomes como Ratinho Júnior (Paraná), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Ronaldo Caiado (Goiás) estão entre os cotados, mas ainda não há consenso sobre quem deve liderar esse campo.
A instabilidade interna da direita é destacada por especialistas, que afirmam que a falta de um líder carismático equivalente ao que foi Bolsonaro pode ser uma barreira significativa para a formação de uma candidatura forte. No entanto, lideranças do campo aliado de Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro, trazem potenciais divisões e desafios adicionais ao agrupamento.
Desafios persistentes de Lula
Mesmo com um quadro favorável, Lula enfrenta desafios importantes. Uma derrota do governo ocorreu recentemente na Câmara dos Deputados, onde uma medida provisória proposta para aumento do IOF não conseguiu ser aprovada. Assim, o governo deve buscar novas soluções para manter as contas públicas em equilíbrio.
Além disso, partidos do Centrão começam a observar Lula com desconfiança, considerando sua popularidade excessiva, que pode gerar dificuldades para o governo e suas pautas.
Estabelecer palanques fortes em estados como São Paulo e Minas Gerais será crucial para Lula. A falta de um candidato definido nestes estados pode representar um obstáculo importante na corrida eleitoral.
Por outro lado, cientistas políticos apontam que a capacidade de Lula de comunicar uma visão clara e uma entrega efetiva de resultados será essencial para uma campanha bem-sucedida. À medida que a eleição se aproxima, resta saber como o cenário se desenrolará e quais estratégias serão utilizadas para enfrentar os desafios que surgirem no caminho da reeleição.
Com a corrida eleitoral ganhando corpo, é evidente que os próximos meses serão decisivos para Lula e sua equipe, tanto em termos de estratégia quanto na construção de um caminho sólido rumo ao quarto mandato.