Uma recente investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema criminoso complexo liderado por Adilson Oliveira Coutinho Filho, conhecido como Adilsinho, no qual ele estabeleceu alianças com traficantes e milicianos para monopolizar o mercado de cigarros ilegais no estado do Rio de Janeiro. Entre 2018 e 2024, o grupo faturou uma quantia impressionante de R$ 350 milhões, operando sob o comando de um sofisticado sistema de colaboração que envolvia o pagamento de taxas a milícias e traficantes para a distribuição do cigarro Gift, fabricado em fábricas clandestinas.
O esquema criminoso
Segundo a investigação da PF, o grupo liderado por Adilsinho criou uma “parceria duradoura” que se caracterizava pela divisão de lucros provenientes da fabricação e venda de cigarros falsificados. Essa estrutura permitiu que a quadrilha se tornasse a única fornecedora de cigarros ilegais em diversas áreas do estado, estabelecendo um verdadeiro monopólio violento. O relatório da PF identifica pelo menos 27 crimes relacionados à imposição desse monopólio, incluindo tentativas de homicídio, assassinatos e sequestros.
Violência e rivalidade
A brutalidade das operações da quadrilha se evidenciou nas execuções de rivais e na eliminação de aliados que não se mostraram dispostos a cooperar. O atual status foragido de Adilsinho e os dois mandados de prisão contra ele demonstram a seriedade das acusações, que incluem ser o suposto chefe de uma complexa rede de perfuração na venda de cigarros e de envolvimento com homicídios ligados ao Jogo do Bicho.
Distribuição e venda do cigarro illegal
A atuação da quadrilha não se limitou a sua base originária, expandindo-se para 45 municípios do Rio de Janeiro, como Niterói, Duque de Caxias e Angra dos Reis. Em áreas controladas por milicianos, os cigarros eram vendidos diretamente por integrantes da milícia; já nas regiões dominadas por traficantes, a exclusividade na venda do produto exigia um “pedágio” a ser pago aos traficantes locais.
A complexidade desse sistema foi acompanhada por uma significativa evasão fiscal. Este cenário é alarmante, pois de 2018 a 2023, o mercado de cigarros falsificados deixou de arrecadar cerca de R$ 10 bilhões em impostos em todo o Brasil, sendo mais de R$ 2 bilhões apenas no Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec).
Participação das forças de segurança
Investigadores revelaram que membros da quadrilha também contavam com a conivência de agentes de segurança pública. O caso do policial militar Leandro Machado, por exemplo, expôs a interseção entre o crime organizado e as forças de segurança, levantando questões sobre a integridade das operações policiais.
As investigações da PF e da Polícia Civil continuam a desvendar a camada profunda de alianças e colaboração entre o tráfico de drogas, a milícia e o comércio de cigarros ilegais, levando à prisão de diversos membros e a apreensão de substâncias ilícitas. A prisão de Wesley Faustino Martins, um membro-sênior da distribuidora Adiloc, é um exemplo claro de como o crime se entrelaça com outros delitos, como o tráfico de drogas.
A situação atual de Adilsinho
Com o avanço das investigações, o poder e a influência de Adilsinho continuam a ser desafiados. A lista de pessoas ligadas a ele é extensa, e as autoridades estão cada vez mais perto de desmantelar este império criminoso. A defesa de Adilsinho ainda não se manifestou sobre as alegações, e sua captura continua a ser uma prioridade para as forças de segurança.
Os desdobramentos desse caso são aguardados com expectativa, pois revelam a luta constante entre autoridades e o crime organizado no Rio de Janeiro. A necessidade de estratégias robustas de segurança pública e políticas eficazes de combate ao tráfico de drogas e a exploração de mercados ilegais se torna cada vez mais evidente neste cenário sombrio que abala a sociedade carioca.