Após um período de altas desde o início de 2025, as exportações brasileiras de ovos experimentaram uma queda significativa no terceiro trimestre deste ano. Segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculada à Universidade de São Paulo (USP), a diminuição nos embarques é reflexo da menor demanda por parte dos Estados Unidos, que até então eram os maiores compradores do produto. Esta realidade vem se intensificando desde julho de 2025 e foi detalhada em relatório divulgado nesta sexta-feira (10).
Queda nas exportações e novos destinos
A análise do Cepea, baseada em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), destaca que as exportações de ovos caíram 42% entre julho e setembro se comparadas ao trimestre anterior, totalizando 9,46 mil toneladas. No entanto, apesar dessa redução, o volume exportado representa um aumento de impressionantes 99,8% em relação ao mesmo período do ano passado, o que configura um recorde histórico desde o início da série, em 1997.
O principal fator para essa queda no volume exportado é a diminuição da demanda dos Estados Unidos, que, devido a novas tarifas impostas, perdeu sua posição de maior comprador para o Japão. Em agosto, os EUA adquiriram apenas 2,13 mil toneladas de ovos brasileiros, marcando uma queda de 60% em comparação a julho, embora ainda representando um aumento de 72% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O Japão, por sua vez, se destacou neste cenário, fazendo uma aquisição de 578 toneladas, 29% a mais do que em julho.
Histórico de variações e desafios do mercado
Em julho deste ano, as exportações interromperam um ciclo de alta que perdurava desde o início de 2025, apresentando um recuo de 20% nas vendas externas. Analistas atribuíram essa baixa, em parte, à queda de 31% no volume embarcado para os Estados Unidos. O Brasil enviou um total de 5,26 mil toneladas de ovos em julho, o que representa uma diminuição quando comparado ao mês anterior.
Mesmo com a recente retração, o balanço geral das exportações brasileiras de ovos entre janeiro e agosto de 2025 é bastante positivo. O Brasil exportou cerca de 32,3 mil toneladas, o que representa um aumento de 192,2% em comparação com o mesmo período de 2024 e superando em 75% o total embarcado no ano anterior.
A movimentação no mercado interno
No mercado interno, as cotações dos ovos apresentaram movimento misto, com altas no início de agosto, influenciadas pela retomada da demanda após as férias escolares. A maior circulação de dinheiro no início do mês tipicamente resulta em um aumento nas vendas.
Conforme o Cepea, apesar da recente queda no volume exportado, o cenário doméstico permitiu uma elevação nos preços, levando em conta o excesso de oferta de ovos que ocorreu nos meses anteriores. Essa antecipação nos preços teve relação com altos custos de produção, incluindo insumos como milho e farelo de soja, que pressionaram os produtores em 2024.
Perspectivas futuras e a influência da gripe aviária
Os pesquisadores do Cepea alertam que a recuperação total das importações de produtos avícolas, como os ovos, ainda pode demorar, especialmente após os registros de gripe aviária nas granjas do Brasil. Embora o país tenha recuperado o status de livre da doença, as consequências em termos de restrições de importação ainda são uma preocupação.
Os desafios persistem, e as oscilações nos preços dos ovos devem ser monitoradas. Essa flutuação está intrinsecamente ligada não apenas às condições climáticas e à saúde animal, mas também à demanda internacional, que continuou a ser impactada por decisões governamentais e políticas comerciais.
O cenário atual, embora ainda promissor para as exportações, exige cautela e adaptação por parte dos produtores, que precisam equilibrar oferta, demanda e custos de produção para assegurar a viabilidade do setor.
Com o mercado em constante mudança, é essencial que os agentes da indústria permaneçam atentos às variáveis que influenciam a cadeia produtiva de ovos, tanto no Brasil quanto no exterior. Isso inclui a monitoramento das tendências de consumo nos principais mercados emergentes e na definição de estratégias adequadas para enfrentar os desafios impostos pelo mercado e pela saúde animal.
Para mais informações e detalhes sobre a produção e o mercado de ovos, acesse a matéria completa no G1.