Na semana em que se anunciou um histórico acordo de paz entre Israel e Hamas, representantes religiosos e civis em Gaza manifestaram esperança por um futuro mais pacífico, embora com cautela. O entendimento, mediado pela administração Trump, prevê a libertação de reféns e a retirada de tropas israelenses, gerando otimismo entre a comunidade católica local.
Expectativas e incertezas após o acordo de paz
Farid Jabran, assessor de relações públicas do Patriarcado Latino de Jerusalém, afirmou que a população de Gaza, especialmente os fiéis católicos, comemora a suspensão das bombardeios. “Eles estão contentes por não ouvirem mais tanta violência, mas permanecem atentos ao que virá após a liberação dos reféns”, explicou Jabran em entrevista à EWTN News nesta semana.
Segundo ele, o cardeal Pierbattista Pizzaballa, líder do Patriarcado, conversou com o padre Gabriel Romanelli, pastor da única igreja católica em Gaza, que expressou esperança de um futuro melhor. “A expectativa é grande, mas a comunidade espera por ações concretas”, observou Jabran.
Planos da Igreja Católica em Gaza
Jabran destacou que a Igreja Católica, representada pelo Patriarcado, pretende colaborar ativamente na reconstrução da região. Entre os planos estão a construção de um novo hospital no sul de Gaza, com apoio da Conferência Episcopal Italiana, além do estabelecimento de hospitais de campanha, escolas e programas educacionais acessíveis a toda população, incluindo cristãos e muçulmanos.
“Queremos oferecer ajuda em várias frentes, promovendo a esperança e a cura para todos”, afirmou Jabran, ressaltando o compromisso da Igreja em ajudar na recuperação da região.
Desdobramentos do acordo e desafios futuros
Em entrevista à “EWTN News Nightly,” o ex-embaixador de Israel nos EUA, Daniel Ayalon, analisou os próximos passos do acordo mediado pelos Estados Unidos. Ayalon, que participou das negociações, alertou que, apesar do cessar-fogo, o risco de ações hostis por parte do Hamas persiste.
“Apesar de a primeira fase do acordo estar em andamento, há uma experiência anterior de Hamas violando o cessar-fogo. Ainda assim, Israel mantém sua posição e espera por uma resolução definitiva, incluindo a libertação dos reféns e o desmantelamento das redes terroristas”, explicou Ayalon.
O ex-embaixador destacou o papel de países como Egito, Catar e Turquia na pressão por uma solução duradoura. “A maior esperança é que, ao terminar essa fase, o Hamas deixe de governar Gaza, possivelmente sendo substituído pela Autoridade Palestina, o que abriria caminho para uma nova etapa de paz na região”, acrescentou.
Recordando o 7 de outubro e a solidariedade cristã
Com o segundo aniversário dos ataques do Hamas a Israel, a diretora do Philos Catholic, Simone Rizkallah, enfatizou a importância de o dia ser de luto e reflexão. “Este não é momento para debates políticos, mas para viver a expressão do Evangelho: ‘Bem-aventurados os que choram’”, afirmou.
Rizkallah reforçou a necessidade de solidariedade com o povo judeu, incentivando fiéis católicos a demonstrar apoio através de gestos concretos, como o envio de rosas brancas às comunidades judaicas e o envolvimento em eventos de memória, como o de Nostra Aetate, celebrado em Washington nesta semana.
“Nosso compromisso é com a fraternidade e o amor cristão, especialmente diante da dor de nossos irmãos. A esperança da paz deve caminhar junto com a solidariedade real”, concluiu Rizkallah.