Durante uma sessão acalorada na Comissão de Justiça do Senado nesta terça-feira, a procuradora-geral Pam Bondi demonstrou forte alinhamento com o governo Trump, deixando senadores surpresos com suas reações apaixonadas e atitudes contundentes. A audiência buscava apurar a possível politização do Departamento de Justiça sob o governo, mas virou palco de ataques pessoais e troca de farpas.
Bondi e o embate com senadores democratas
A procuradora resistiu às perguntas sobre os arquivos relacionados a Jeffrey Epstein, as investigações sobre o ataque ao Capitólio de 6 de janeiro e a autoridade do presidente para lançar ataques mortais contra embarcações. Em diversos momentos, ela interrompeu, chamou senadores de mentirosos e criticou duramente os representantes de oposição, como Sen. Dick Durbin e Sen. Richard Blumenthal.
“Como ousem desafiar minha integridade? Sou uma procuradora de carreira, não aceito esses ataques”, exclamou Bondi, com pausas drásticas entre as palavras, mostrando-se bastante irritada ao ser questionada por sua suposta parcialidade.
Atitude agressiva e defesa intransigente
Reação às críticas
Ao ser confrontada sobre possíveis conflitos de interesse relacionados às conexões de Trump com o Qatar, ela afirmou que “não há nada a esconder”. Em outra ocasião, acusou os senadores de utilizarem “discurso de internet de direita” e respondeu ao representante de Biden, orientando-o a falar com o diretor do FBI, enquanto ela insistia que decidiria sobre a divulgação de provas relacionadas ao ex-presidente.
“Se você pensa que vai me intimidar, está enganado”, respondeu Bondi a Schiff, além de mais de uma vez pedir desculpas ao ex-presidente Donald Trump durante os embates.
Enfraquecimento do procedimento e clima de polarização
Delegados democratas, como Sen. Blumenthal e Durbin, criticaram a postura de Bondi, afirmando que ela parecia mais interessada em proteger Trump do que em cumprir sua função de fiscalização. Durbin afirmou ter “nunca visto uma performance tão agressiva” da procuradora em um Senado.
O escárnio de Bondi ganhou destaque também quando ela foi questionada sobre uma possível conexão de Tom Homan, ex-secretário de segurança de fronteira, com um suposto suborno. Ela se recusou a explicar o destino de uma quantia de US$ 50 mil supostamente recebida por Homan, que nega as acusações.
Investigações e desigualdade na análise política
O confronto ocorreu em um momento de crescente preocupação sobre o uso do Departamento de Justiça para fins políticos, embora Bondi tivesse postura mais de ataque do que de esclarecimento. Enquanto membros da oposição acusavam abusos na investigação de Trump, representantes republicanos pediam investigações sobre possíveis violações na era Biden, com detalhes de registros de buscas a congressistas republicanos sendo revelados.
Além do clima de tensão, Bondi evitou fornecer respostas sobre procedimentos internos e relatou que não teria consultado Trump antes de enviar tropas federais a várias cidades, defendendo a atuação do governo em “proteger o país”.
Impacto e repercussões
A audiência deixou claro o aprofundamento da polarização política na questão da Justiça nos Estados Unidos, com o alinhamento declarado de Bondi ao ex-presidente Trump reforçando a divisão entre os poderes. Analistas destacam que tal postura ameaça o entendimento institucional e alimenta o clima de desconfiança nas instituições democráticas do país.
O episódio será tema de debates futuros sobre a integridade do departamento e os limites da atuação de agentes públicos sob forte influência política. Os desdobramentos também poderão impactar futuras investigações e processos envolvendo figuras do governo Trump.