Brasil, 11 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Ministros turbinam repasses em redutos eleitorais sob pressão

Celso Sabino e André Fufuca aumentam recursos federais em estados aliados enquanto preparam campanhas para o Senado em 2026.

Os ministros do Turismo, Celso Sabino (União Brasil), e do Esporte, André Fufuca (PP), estão acelerando os repasses de recursos federais para redutos eleitorais. A manobra ocorre em meio a discussões sobre a possibilidade de eles deixarem o governo devido à pressão dos seus partidos. A decisão de permanecer ao lado do presidente Lula é estratégica, uma vez que ambos almejam candidaturas ao Senado nas eleições de 2026 e veem a visibilidade acarretada por suas pastas como um trunfo.

Aumento dos investimentos em estados aliados

Um levantamento realizado pelo GLOBO no sistema de convênios do governo federal revela um aumento significativo nos contratos assinados com prefeituras geridas por aliados dos ministros. Desde julho, Maranhão e Pará, bases eleitorais de Fufuca e Sabino, estão entre os estados que mais receberam recursos em 2025, com destaque para a área de Esporte e Turismo.

Os convênios movimentaram verbas que possibilitaram a execução de obras e serviços essenciais. No setor de Turismo, liderado por Sabino, foram firmados 27 convênios com municípios do Pará neste ano, superando todos os outros estados. O Rio Grande do Sul ficou em segundo lugar, com 18 convênios, seguido por Ceará, Maranhão e Paraíba, todos com números consideravelmente inferiores.

Redutos irrigados — Foto: Editoria de Arte

Redutos irrigados — Foto: Editoria de Arte

O impacto dos recursos e as polêmicas em torno deles

Desde o início de julho, com o aumento da pressão do União para que Sabino deixasse a pasta, foram empenhados R$ 70,7 milhões em investimentos — um montante sete vezes superior ao que foi observado em 2024, quando a cifra foi de apenas R$ 9,2 milhões. O empenho é uma etapa inicial do pagamento, onde o recurso é reservado no Orçamento.

Em nota, a pasta do Turismo justificou os investimentos no Pará como preparativos para a realização da COP30, cúpula climática que ocorrerá em Belém em novembro, afirmando que os recursos impulsionam o desenvolvimento econômico sustentável. No entanto, ao analisar os contratos, percebe-se que apenas um dos convênios foi destinado a Belém, enquanto a maioria vai para eventos e obras que não necessariamente estão relacionadas à COP30, como a reforma de praças e a construção de mirantes.

O maior contrato, no valor de R$ 10,4 milhões, foi firmado com a cidade de Castanhal, destinado a melhorias em um parque local, cujo prazo de entrega vai até janeiro de 2028. O anúncio do investimento foi feito em um evento no município, onde Sabino esteve acompanhado de autoridades locais.

Ministério do Esporte e as vantagens estratégicas para Fufuca

A situação no Ministério do Esporte sob a liderança de Fufuca é análoga. O Maranhão recebeu 47 convênios, superando estados como São Paulo e Minas Gerais em número de contratos. Somente em setembro, 24 dos 63 contratos foram para o Maranhão, um aumento significativo em comparação aos municípios paulistas, que ficaram em segundo lugar no mesmo período.

O valor empenhado para cidades maranhenses em setembro chegou a R$ 27,6 milhões, um recorde mensal, e oito vezes maior do que no mês anterior. A pasta do Esporte argumentou que a distribuição dos recursos atende a critérios técnicos e legais e refutou qualquer alegação de favorecimento. O aumento dos repasses é atribuído à demora na aprovação do Orçamento Geral da União de 2025, gerando uma demanda reprimida por recursos.

Entre os investimentos realizados estão campos de futebol e centros esportivos, sendo que o maior aporte de R$ 3,9 milhões foi destinado a Barra do Corda, cidade governada por um aliado de Fufuca. Essa instrumentalização dos recursos federais levanta questionamentos sobre como as decisões estão sendo tomadas e se atendem realmente às necessidades locais.

Em um clima de instabilidade política, a manobra dos ministros parece ser uma tentativa de garantir apoio e estabilidade em seus redutos eleitorais, enquanto se preparam para a próxima eleição ao Senado. As implicações das movimentações políticas na gestão de recursos públicos serão analisadas com atenção nos próximos meses.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes