Em um movimento histórico e simbólico, Belém, no Pará, será a capital temporária do Brasil durante a 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá entre os dias 11 e 25 de novembro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar nas próximas semanas o projeto de lei que transferirá temporariamente a sede do governo federal para a cidade, que tem um papel central na discussão das questões ambientais relacionadas à Amazônia.
A importância da mudança simbólica
Com a aprovação do Congresso Nacional, a mudança temporária da capital é uma ação destinada a destacar o protagonismo da Amazônia nas discussões climáticas globais. Durante o período de 11 a 21 de novembro, atos oficiais do presidente e de ministros farão referência a Belém como a sede do governo. Este ato ressalta a posição estratégica da Amazônia no cenário ambiental e a necessidade de atenção internacional para a preservação de seus recursos.
Embora a transferência da capital brasileira não altere o funcionamento administrativo do país, sua importância simbólica não pode ser subestimada. Esta medida se alinha com o esforço do governo em posicionar a Amazonia no centro das atenções, à medida que o mundo volta seus olhos para a luta contra as mudanças climáticas.
Histórico de transferências simbólicas
A transferência da capital do Brasil já ocorreu em quatro ocasiões desde a criação de Brasília em 1960. Essas mudanças, sempre de caráter simbólico, foram realizadas por razões diversas, desde homenagens até eventos internacionais.
Curitiba (PR) – 1969
No regime militar, Curitiba foi declarada capital simbólica entre os dias 24 e 27 de novembro de 1969. A decisão tinha como objetivo reforçar a presença do governo federal na região Sul, que era vista como estratégica. A ideia partiu da então primeira-dama Yolanda Barboza, curitibana que contou com apoio local para convencer o presidente Costa e Silva.
Mombaça (CE) – 1989
Em 25 de fevereiro de 1989, Mombaça se tornou capital simbólica por um dia, em homenagem ao então presidente em exercício Antônio Paes de Andrade, natural da cidade. A cerimônia contou com a participação de autoridades locais e gerou grande movimentação entre a população.
Rio de Janeiro (RJ) – 1992
Entre 3 e 14 de junho de 1992, o Rio de Janeiro voltou a ser a sede do governo federal durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ECO-92. O evento, que visava discutir desenvolvimento sustentável, trouxe a importância do meio ambiente para o cenário político e social brasileiro.
Itu (SP) – 2017
Em 15 de novembro de 2017, Itu foi escolhida como capital simbólica por um dia para celebrar a cidade como o berço do movimento republicano no Brasil. O então presidente Michel Temer despachou do gabinete do prefeito, destacando a relevância histórica da cidade.
Base constitucional
A transferência temporária da sede do governo federal é respaldada pelo artigo 48 da Constituição de 1988, que estabelece que o Congresso Nacional, com a sanção do presidente, pode dispor sobre essa matéria. Essa legislação não altera a administração do país, mas representa um ato de significância política e simbólica, reforçando a relevância da Amazônia nas discussões climáticas do mundo contemporâneo.
À medida que o Brasil se prepara para a COP 30, a escolha de Belém como a capital simbólica reflete um passo importante não só para o país, mas também para a comunidade internacional, que busca soluções efetivas para os desafios ambientais que afetam o planeta. A visibilidade que essa transferência oferece pode desempenhar um papel crucial em mobilizar ações e compromissos em defesa da Amazônia e do seu futuro.
O evento não apenas reafirma a importância da Amazônia, mas também busca inspirar diálogos que levem a um entendimento mais profundo e sustentável da relação entre desenvolvimento e preservação ambiental, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.