No cenário político brasileiro, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e figura central do PL de Bolsonaro, adotou uma postura estratégica em relação à Medida Provisória que visa incrementar os tributos do governo Lula. Seu papel nos bastidores, proativo na articulação contra a MP, revela não apenas suas intenções políticas, mas também uma possível leitura cautelosa da opinião pública paulista.
Tarcísio faz telefonemas estratégicos
Na noite de terça-feira (7), em um movimento que pode ser entendido como um passo calculado em direção à sua futura candidatura à presidência, Tarcísio entrou em contato com líderes de partidos da base governista, sem se expor diretamente. A MP, que prevê a injeção de R$ 17 bilhões nos cofres públicos, teria o apoio de diversos deputados, mas o governador paulista buscou influenciar o debate em sua oposição, visando garantir o não avanço da proposta.
A cautela de Tarcísio e o eleitor paulista
Segundo relatos de líderes políticos que foram contatados, Tarcísio justificou sua abordagem discreta ao afirmar que não poderia se dar ao luxo de ser percebido como alguém que abandona São Paulo para se enredar em questões políticas de abrangência nacional. Para o governador, a imagem de abandono poderia custar caro nas próximas eleições, especialmente em um estado onde o eleitor possui uma forte identificação regional.
“Ele [Tarcísio] tem consciência do peso que São Paulo representa no colégio eleitoral e se posiciona de maneira a não desagradar seus conterrâneos”, comentaram os interlocutores que conversaram com a coluna. Este cuidado mostra-se fundamental em um ambiente político polarizado, onde a habilidade de se manter a favor do que é percebido como benéfico para o estado pode garantir não apenas a popularidade de Tarcísio, mas também sua presença nas urnas em 2026.
O duplo jogo e o foco nas eleições
O relator da MP, Carlos Zarattini (PT-SP), foi um dos primeiros a notar a movimentação de Tarcísio e chamou atenção para seu papel em articular contra a proposta. Em resposta, o governador não hesitou em acusar o governo Lula de escolher estratégias no estilo “vale tudo” nas eleições, sublinhando o quão aguda está a disputa política no Brasil hoje. Para Tarcísio, apresentar-se como o defensor de São Paulo é tanto uma tática de preservação quanto uma afirmação de suas ambições políticas.
Além de sua postura em relação à MP, Tarcísio tem reafirmado seu compromisso com pautas que beneficiam o estado, assim como seu foco em projetos regionais. Essa tática de polarização pode ser vista como um reflexo das dinâmicas eleitorais que se aproximam, onde cada movimento conta e a percepção pública pode ditar o destino político de um candidato.
O Centrão vê Tarcísio como candidato viável
O “jogo duplo” de Tarcísio não passou despercebido pelos líderes do Centrão, que observam com crescente interesse seu posicionamento. O governador de São Paulo é considerado um candidato fortíssimo à presidência nas próximas eleições, principalmente em um contexto em que a polarização entre sua figura e a do presidente Lula se intensifica. A cada movimento estratégico, Tarcísio se aproxima mais de uma candidatura que poderia balançar o cenário político brasileiro.
Com as eleições se aproximando, a habilidade de Tarcísio em gerenciar sua imagem e suas interações políticas será determinante não apenas para o seu futuro político, mas também para o conjunto de alianças que poderá formar. O governador parece estar ciente de que, neste jogo, cada ação e cada palavra têm um peso significativo.
Em suma, Tarcísio de Freitas utiliza uma combinação de articulação política discreta e publicidade estratégica para solidificar sua imagem como candidato à presidência, enquanto navega pelas complexidades do cenário político atual, onde alianças são essenciais e a percepção pública é tudo.