A relação entre o compositor, cantor e multi-instrumentista carioca George Israel — astro da banda Kid Abelha — e seu cavaquinho começa na floresta, onde a madeira nobre usada no instrumento é cultivada de forma sustentável. Ele é sócio da Symbiosis, empresa que cultiva árvores brasileiras na Mata Atlântica, na Bahia, com foco na recuperação de áreas degradadas e na produção responsável de madeira nativa.
Sustentabilidade e bioeconomia na silvicultura de espécies nativas
Segundo George Israel, plantar árvores de espécies nativas é um ato de resistência ao desmatamento e uma forma de reaproximação entre homem e natureza, além de contribuir com a captura de carbono. A Symbiosis, que recebeu investimentos da Apple e do BNDES, já cultivou 5 mil hectares de árvores nativas, com projetos de pesquisa para aumentar sua produtividade e valor de mercado.
Inovação e potencial econômico
Com o objetivo de substituir espécies asiáticas de rápido crescimento, a empresa trabalha com 12 espécies selecionadas pelo seu ciclo de crescimento, produtividade e valor, além de manter outras 40 variedades. O modelo de exploração busca evitar o corte raso, promovendo a recuperação de áreas degradadas e a produção sustentável de madeira nobre, com potencial de faturamento global de até US$ 10 bilhões anuais na demanda por madeira tropical.
O diretor financeiro da Symbiosis, Alan Batista, destaca: “O carbono capturado ajuda a atrair capital para a produção de madeira, promovendo o equilíbrio ecológico e econômico”.
Avanços na recuperação de áreas degradadas e mercado de madeira nativa
Dados do Ministério da Agricultura indicam que há cerca de 100 milhões de hectares com degradação, potencializando uma economia de até US$ 141 bilhões até 2050, com possibilidade de faturar R$ 10 bilhões por ano em plantas de madeira tropical plantadas em áreas desmatadas.
Após uma operação inédita com recursos do BNDES, a Symbiosis conseguiu liberar R$ 77 milhões para investir em plantios na Mata Atlântica, com planos de abrir sua serraria em 2026 para explorar mercados de construção civil e exportação.
A estratégia é dar às árvores padrões similares aos do pinus e eucalipto, espécies incentivadas no Brasil nas décadas de 1960, e incentivar o cultivo de espécies nobres que tenham maior valor agregado e menor impacto ambiental na floresta.
Estudos apontam que seriam necessários cerca de 1,7 milhão de hectares para suprir a alta demanda por madeira tropical, capturando até 20 milhões de toneladas de CO₂, com um investimento de aproximadamente R$ 42,5 bilhões a R$ 68 bilhões, apresentando um retorno de US$ 2,39 para cada dólar aplicado em pesquisa no setor.
O apoio à silvicultura de árvores nativas representa uma fronteira econômica importante, com potencial de geração de empregos, recuperação de áreas degradadas e combate ao desmatamento ilegal na Amazônia.
Para acompanhar essa estratégia, a iniciativa colaborativa Nature Investment Lab, liderada pelo Instituto Clima e Sociedade, desenvolve instrumentos de garantia de R$ 2 bilhões para destravar recursos do Fundo Clima para empresas de restauração florestal, ampliando o impacto sustentável do setor.
Segundo Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, “a silvicultura de espécies nativas mostra que é possível crescer preservando, promovendo o desenvolvimento sustentável na economia da floresta em pé”.
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