Na noite desta quarta-feira, o ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), declarou que sua permanência no União Brasil tornou-se “insustentável”. A decisão foi motivada pela orientação do partido para que ele deixasse o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em consequência de sua recusa em seguir essa instrução, Sabino foi suspenso das atividades partidárias por 60 dias e afastado da presidência do diretório do Pará, além de ter seu processo de expulsão iniciado.
A tensão entre Sabino e os líderes do União Brasil
Após a reunião que resultou nas punições, o ministro não hesitou em trocar farpas com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que é um dos principais articuladores de sua saída. Durante a troca de palavras, Sabino ironizou: “quando ele atingir 1,5% nas pesquisas (para as eleições de 2026), eu respondo ele”. Esse comentário, uma referência ao cenário político, revela o descontentamento de Sabino com a situação atual dentro do partido.
Sabino comentou sobre sua relação com o partido ao afirmar: “A gente tem uma grande liderança no estado (Pará) por esse partido e ao nível nacional também nós temos muitos amigos, mas eu acredito que ficou realmente insustentável a minha permanência nesse partido”. Em entrevista à CNN Brasil, ele expressou sua discordância com as decisões tomadas pelo União Brasil, considerando-as uma “violação muito grande”. Ele afirmou que se defenderá “de peito aberto” e “cabeça erguida”.
Os desafios enfrentados por Sabino no União Brasil
O ministro argumentou que não fez nada para merecer a expulsão, afirmando: “Eu não devo nada, eu não fiz nada para merecer essa expulsão. Mas eu acredito que essa minha passagem política pelo Partido União Brasil já deu o que tinha que dar”. Essa fala reflete a frustração de Sabino em relação às diretrizes e à posição do União Brasil em relação ao governo Lula.
Os enfrentamentos entre Sabino e Caiado se intensificaram, especialmente após a reunião Executiva Nacional do partido, onde foram discutidas as punições e a política partidária. O governador de Goiás declarou que a permanência de Sabino no governo Lula enquanto é membro do União Brasil seria “de uma imoralidade ímpar”, além de não ser admissível que alguém sirva a “dois senhores”.
A saída do União Brasil e o futuro político de Sabino
Além das tensões internas, o União Brasil formalizou sua federação com o Progressistas (PP) no início de setembro, rompendo oficialmente com o governo Lula. Nessa nova dinâmica, o partido exigiu que seus ministros deixassem os cargos no governo em um prazo de 30 dias. Sabino chegou a comunicar ao presidente Lula sua intenção de se demitir, mas acabou decidindo ficar no cargo. Para se manter, o ministro tentou articular uma lista de assinaturas que demonstrava o apoio da maioria dos deputados do partido a sua permanência no ministério, que é considerado estratégico para muitos parlamentares.
Sabino também se manifestou contra a decisão do União Brasil, chamando-a de “açodada e equivocada”. Ao afirmar seu compromisso com Lula, ele ressaltou que o presidente é “o melhor projeto para o Brasil” e que sua continuidade no governo se dá pelo interesse no turismo e no desenvolvimento do estado do Pará, especialmente com a vinda da COP30.
O caminho a seguir para Sabino e o União Brasil
Com a instabilidade política dentro do União Brasil, a situação de Celso Sabino destaca os desafios enfrentados por líderes que buscam equilibrar alianças políticas e suas responsabilidades no governo. A decisão do ministro de permanecer no governo Lula, apesar das pressões do partido, pode influenciar não só sua trajetória política, mas também a relação futura entre os membros da sigla e o governo federal.
Concluindo, Celso Sabino está em uma posição delicada, confrontando tanto as expectativas do União Brasil quanto as exigências do governo Lula. A sua decisão de ficar poderá ter repercussões significativas para sua carreira e para a dinâmica interna do partido em um cenário político que continua a se moldar em face das próximas eleições.