O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, quebrou o silêncio durante a audiência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), realizada nesta quinta-feira (9 de outubro). Optando por responder apenas a uma pergunta do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), Milton foi orientado por seu advogado a evitar esclarecimentos mais abrangentes sobre os assuntos em pauta.
A polêmica do INSS
O escândalo envolvendo o INSS ficou evidente por meio de uma série de reportagens publicadas pelo Metrópoles a partir de dezembro de 2023. A investigação revelou que a arrecadação das entidades por meio de descontos nas aposentadorias disparou, alcançando o montante de R$ 2 bilhões em apenas um ano. Isso acontecendo enquanto diversas associações enfrentavam milhares de processos por fraude, especificamente nas filiações de segurados.
O depoimento de Milton
Durante a audiência, Pimenta questionou Milton sobre a participação do Frei Chico, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na entidade que ele preside. “O senhor pode me dizer se o Frei Chico alguma vez teve alguma função administrativa ou financeira dentro do sindicato?”, indagou o parlamentar.
De maneira contrária à orientação de seu advogado, Milton respondeu: “Ele nunca teve esse papel administrativo do sindicato, só político… político de representação sindical. Nada mais que isso. E não precisei, em nenhum momento, solicitar a ele que abrisse qualquer porta do governo”. Essa afirmação evidencia o desejo de Milton de depor a favor da imagem de Frei Chico, evitando qualquer ligação direta com escândalos que possam macular a figura de Lula.
Próximos passos da CPMI
O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), comentou com jornalistas sobre a possibilidade de convocar Frei Chico para depor. A votação para este requerimento está agendada para a próxima semana, o que indica que as investigações podem aprofundar ainda mais a relação entre a entidade e figuras políticas de destaque.
A situação gera grande expectativa sobre como a CPMI irá avançar nas apurações. O escorrer das informações demonstra que a política brasileira permanece entrelaçada com as questões da seguridade social, e o escândalo em questão revela a fragilidade de setores que deveriam proteger os direitos dos aposentados e pensionistas.
Repercussões e a opinião pública
A quebra do silêncio por parte de Milton Cavalo foi recebida com curiosidade e ceticismo por parte da opinião pública. Muitos se perguntam até que ponto as investigações da CPMI levarão a uma nova luz sobre casos de corrupção que afetam diretamente a classe aposentada no Brasil. A resposta para essa pergunta poderá orientar futuras ações do governo e das entidades atuantes na defesa dos segurados.
Desde a revelação do escândalo do INSS, diversos debates têm surgido acerca da transparência e da ética dentro das instituições que organizam a previdência no país. O aumento alarmante na arrecadação através dos descontos e as fraudes associadas a filiações de segurados geram uma atmosfera de desconfiança, exigindo respostas claras e contundentes dos políticos envolvidos.
Com a CPMI trabalhando em fase intensa e novas possíveis convocatórias a caminho, o desdobramento dos eventos promete seguir em destaque nas pautas nacionais, mantendo o público atento ao desenrolar dessa história que envolve tanto figuras proeminentes da política quanto as vidas de milhões de brasileiros que dependem do sistema previdenciário para garantir sua dignidade.