O governo federal prepara uma mudança no Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com o objetivo de elevar o limite máximo para financiamento de imóveis de R$ 1,5 milhão para até R$ 2,25 milhões. A iniciativa, que deve ser anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira em São Paulo, prevê um aumento do teto que não é atualizado desde 2018, e faz parte de um novo modelo de crédito imobiliário com recursos da poupança.
Reajuste do limite do financiamento no SFH
A medida visa atender à demanda do setor da construção, que tem pressionado por uma atualização do valor máximo de financiamento, atualmente fixado em R$ 1,5 milhão. Segundo fontes próximas às discussões, a mudança deve refletir o aumento do valor de imóveis nas principais regiões do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde os preços vêm apresentando alta significativa.
Impactos nas regiões metropolitanas
Em cidades como Rio de Janeiro, o metro quadrado no bairro Leblon chega a R$ 25.485, permitindo financiar imóveis de até 78,5 m² com R$ 2 milhões, ou de 98,1 m² com R$ 2,5 milhões. Na Tijuca, zona norte carioca, imóveis de 291,8 m² e 364,7 m² poderiam ser adquiridos com R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões, respectivamente. Já em São Paulo, bairros como Itaim Bibi apresentam valores de até R$ 19.335 por metro quadrado, possibilitando financiar imóveis de até 103,4 m² com R$ 2 milhões.
Reação do mercado e expectativas
A ampliação do teto do financiamento foi um pleito do setor da construção civil e promete estimular o mercado imobiliário, especialmente em regiões de alta valorização. Além disso, o governo espera que o aumento favoreça a concessão de crédito, democratizando o acesso à casa própria para famílias de renda média e alta.
Nova sistemática de crédito com recursos da poupança
O projeto de crédito habitacional prevê que, para cada real financiado pelo SFH, o banco pode liberar recursos equivalentes de poupança para uso livre por um período de até cinco anos. Em seguida, o banco precisará renovar o crédito, dando maior flexibilidade ao sistema e potencializando os recursos disponíveis para novas operações.
Segundo interlocutores, o modelo pode liberar uma injeção de pelo menos R$ 20 bilhões na economia já neste ano, e chegar a R$ 37,5 bilhões ao ampliar o acesso ao crédito imobiliário. A expectativa é que o período de testes se encerre ao final de 2026, com a implementação definitiva em 2027.
Contexto econômico e perspectiva futura
Apesar de o Banco Central estar atualmente focado em controlar a inflação com a alta da taxa Selic, o governo aposta na medida para impulsionar o setor e estimular a economia antes das eleições. Essa estratégia apresenta um contraste com os esforços de esfriamento da economia, mas busca ampliar a oferta de crédito de forma responsável.
O novo modelo de financiamento foi desenvolvido em parceria com o Ministério das Cidades, o Ministério da Fazenda e a Caixa Econômica Federal, e visa solucionar um problema estrutural no mercado de crédito imobiliário, reduzindo a baixa participação dos recursos da poupança na concessão de empréstimos.
Projetos indicam que, com a plena operação da sistemática, o volume de recursos destinados ao crédito imobiliário poderia quase triplicar em dois anos, passando de R$ 90 bilhões para cerca de R$ 200 bilhões.
Mais informações sobre as mudanças no financiamento e os impactos esperados podem ser conferidas no link da reportagem do Globo.