Três membros de uma família de Patrocínio, no Alto Paranaíba, estão em estado grave após consumirem uma planta tóxica em um almoço no dia 9 de outubro. As vítimas, que têm entre 37 e 60 anos, estão intubadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e em coma induzido. A quarta pessoa, um idoso de 67 anos, recebeu alta nesta quinta-feira (9), sem precisar de intubação, informou a secretária de Saúde do município, Luciana Rocha.
Intoxicação por falsa couve leva a grave crise de saúde
Segundo a secretária, as três vítimas continuam em estado grave, após apresentarem parada cardiorrespiratória na hora do atendimento. Elas estão sob monitoramento constante, aguardando estabilidade para possível retirada do coma induzido. “Tudo depende da manutenção da estabilidade clínica deles”, afirmou Luciana Rocha.
A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o caso, com foco na hipótese de envenenamento acidental. Testes de análise na Fundação Ezequiel Dias (Funed) em Belo Horizonte vão identificar a planta consumida e verificar a presença de substâncias tóxicas.
Perigo da planta Nicotiana glauca, conhecida como falsa couve
De acordo com a professora doutora Amanda Danuello, especialista em química de produtos naturais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a planta Nicotiana glauca, popularmente chamada de charuteira ou fumo bravo, é extremamente tóxica. Ela contém alcaloides como a anabazina, que podem causar paralisia muscular, respiratória e até levar à morte.
O vegetal foi colhido na própria chácara onde a família reside e foi incluído na refeição refogada. Partes da planta, inclusive folhas, foram encontradas na arcada dentária da mulher de 37 anos, que também ingeriu a planta, e encaminhadas para análise na Funed.
Como identificar a falsa couve e evitar intoxicações
A Nicotiana glauca é uma planta comum em áreas rurais e às margens de rodovias por todo o Brasil. Ela apresenta folhas finas, textura aveludada e uma coloração verde acinzentada, diferindo da couve comum, que possui folhas mais grossas, nervuras marcadas e um verde mais vibrante. Ainda assim, sua semelhança leva ao risco de confusão, especialmente na ausência de uma identificação precisa.
Segundo a especialista, a ingestão da planta, seja crua ou cozida, pode variar na quantidade de tóxico absorvido, aumentando os riscos de efeitos graves. Por isso, a recomendação é não consumir alimentos de procedência duvidosa ou não identificadas corretamente para evitar intoxicações graves.
Reações e cuidados após ingestão da planta tóxica
Em caso de ingestão, não há antídoto específico para o envenenamento pela Nicotiana glauca. A orientação é procurar o serviço de atendimento médico de emergência imediatamente. Quanto mais rápido for o tratamento, maiores as chances de prevenir sequelas graves ou morte.
As vítimas, ao passarem mal após o almoço, receberam socorro do Corpo de Bombeiros, do SAMU e da Polícia Militar. As equipes realizaram manobras de reanimação no local, revertendo as paradas cardiorrespiratórias e encaminhando-os em estado grave para a Santa Casa de Patrocínio e a UPA local.
Fiscalização e próximas etapas
A Polícia Civil recolheu materiais para análise da espécie, que irão esclarecer a origem da planta e verificar a presença de substâncias tóxicas. Ainda, a equipe de Vigilância Sanitária acompanha o quadro das vítimas e coleta informações para o esclarecimento do caso.
Segundo Luciana Rocha, a Secretaria de Saúde estará atenta ao desfecho do procedimento. “Nossa equipe está vigilante para garantir o melhor cuidado às vítimas e evitar novos casos de intoxicação”, afirmou.
Por enquanto, os investigadores continuam buscando compreender se houve uma tentativa de envenenamento ou erro de identificação do vegetal durante a preparação da refeição.
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