A Embraer, a renomada fabricante brasileira de aeronaves com sede em São José dos Campos (SP), está de olho em uma fatia considerável do mercado de defesa aérea, que deverá movimentar impressionantes 60 bilhões de dólares nos próximos 20 anos. Com esse objetivo, a empresa aposta em seu avião cargueiro multimissão C-390, que já vem atraindo interesse em diversos países.
Acordo recente com a Suécia
No início desta semana, a Embraer anunciou um acordo significativo para a venda de quatro cargueiros C-390 para a Suécia, que também incluiu sete opções de compra adicionais. O C-390, com praticamente 12 metros de altura, 35 metros de comprimento e envergadura, é projetado para atender a múltiplas missões, desde transporte até reabastecimento aéreo, e possui uma capacidade de carga de até 26 toneladas. Esta versatilidade é um dos principais atrativos do modelo.
Versatilidade em operações
O modelo C-390 demonstrou eficiência em várias operações, incluindo buscas e salvamentos, evacuação médica e até combate a incêndios, como foi o caso recente no Pantanal, no Mato Grosso do Sul. Além disso, o cargueiro também foi utilizado para levar ajuda humanitária a regiões como a Ucrânia e o Líbano. Desde que a primeira unidade foi entregue ao Brasil em 2019, o avião já conquistou a preferência de 10 países, entre eles Brasil, Portugal e Hungria, e está em negociação com Lituânia e Eslováquia.
Resultados expressivos no segmento de defesa
Com a crescente demanda pelo C-390, a Embraer registrou uma surpreendente evolução em sua carteira de pedidos no segmento de defesa. O valor dos contratos dobrou em um ano, passando de 2,1 bilhões de dólares no segundo trimestre de 2024 para 4,3 bilhões de dólares neste ano. Essa mudança representa um aumento de 104% e demonstra a aceitação do cargueiro no mercado internacional.
Expectativas futuras
Para os próximos anos, a Embraer estima que a demanda por cargueiros similar ao C-390 poderá chegar a 500 unidades globalmente, especialmente com a expectativa de substituição de aeronaves mais antigas como o C-130, da Lockheed Martin, que é um dos principais concorrentes no setor. Segundo Bosco da Costa Jr., CEO de Defesa e Segurança da Embraer, a diferença de carga e velocidade entre o C-390 e seus concorrentes é um fator crucial para sua aceitação pelas forças armadas.
Oportunidades de expansão internacional
A Embraer não está apenas se concentrando na Europa. A empresa também está competindo para vender até 80 cargueiros para a Índia e os Estados Unidos, onde já manifestou intenção de investir até 500 milhões de dólares em produção local, caso os contratos sejam confirmados. Esta estratégia visa não apenas aumentar a presença da Embraer no mercado, mas também fortalecer os laços geopolíticos em uma época de crescente competição.
Desafios e concorrência
O executivo Júlio Shidara, presidente da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil, ressalta que aquisições na área de defesa muitas vezes são influenciadas por questões geopolíticas. Diante disso, a conquista de novos mercados, especialmente em face de concorrentes tradicionais, é um marco significativo para a Embraer.
Com o C-390, a Embraer não só visa aumentar sua participação no mercado de defesa aéreo global, mas também solidificar sua posição como um dos principais fabricantes de aeronaves do mundo. Este comprometimento com a inovação e a qualidade coloca a empresa em uma posição vantajosa para os desafios futuros e a potencial disputa de novos contratos internacionais.
À medida que seguimos acompanhando essas movimentações do setor, a expectativa é que o cargueiro C-390 continue a receber atenção internacional e prove ainda mais seu valor nas missões que irá executar, sempre trazendo orgulho e inovação ao Brasil.