A economia criativa, setor que transforma ideias em bens e serviços de valor econômico, cresceu significativamente no Brasil, gerando cerca de R$ 400 bilhões por ano e criando mais empregos do que a média do mercado de trabalho. Mesmo assim, especialistas alertam que para que o setor floresça de forma sustentável, é fundamental o fortalecimento de políticas públicas que promovam capacitação, inovação e infraestrutura adequada.
Potencial e desafios da indústria criativa no Brasil
Segundo estudos recentes, a economia criativa já representa 3,59% do PIB nacional, com cerca de 1,26 milhão de empregos em 2023, aumentando 6,1% em relação a 2022 — quase o dobro do crescimento do mercado de trabalho como um todo, que avançou 3,6%, conforme dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). No entanto, a desaceleração na criação de empregos com carteira assinada, que atingiu o patamar mais baixo em cinco anos, evidencia que o setor ainda enfrenta obstáculos na sua consolidação.
Para que esse ecossistema se sustente, analistas ressaltam a necessidade de políticas públicas que estimulem a qualificação profissional, fortaleçam a inovação e aprimorem a infraestrutura. João Figueiredo, coordenador do programa de pós-graduação em Economia Criativa da ESPM, lembra que o Brasil apresenta um potencial cultural enorme, mas sofre para transformar essa riqueza em receita devido à descontinuidade de ações governamentais, como exemplifica o fechamento da secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura em 2018, que só foi reaberta este ano.
Eventos e oportunidades na economia criativa
De olho nesse potencial, São Paulo prepara-se para sediar nesta semana o maior evento de economia criativa da América Latina, o Pixel Show. Em sua 20ª edição, o evento visa conectar profissionais de diversas áreas — incluindo design, arte urbana, desenvolvimento de jogos, arquitetura e gastronomia — além de oferecer experiências gratuitas ao público, com mais de 25 atrações, como exposições, instalações, workshops e performances.
Segundo Allan Szacher, curador e sócio-fundador do Pixel Show, o evento é uma oportunidade de networking e de negócios. Na edição de 2022, por exemplo, as vendas de produtos criativos — camisetas, joias, posters e stickers — geraram quase R$ 1 milhão, além de contratos que atingiram cerca de R$ 2 milhões, mostrando o potencial econômico do setor.
Impulsionando a economia criativa no Brasil
A realização de eventos como o Pixel Show mostra-se estratégica para fortalecer a indústria, que já gerou aproximadamente 1,26 milhão de empregos em 2023. Além do impacto econômico, o setor contribui para a dinamização do turismo, movimentando cerca de R$ 5 milhões em gastos de visitantes nas últimas edições.
Embora o Brasil seja reconhecido internacionalmente por setores como publicidade, que conquistaram prêmios no Festival de Cannes, a trajetória de sucesso na área cultural também exige uma coordenação maior de políticas públicas. Figueiredo destaca que países como a Coreia do Sul transformaram sua indústria criativa através de planos de longo prazo, com quase 30 anos de estímulos governamentais, especialmente nas áreas de cinema e música, que se tornaram importantes polos globais.
Perspectivas e regiões destaque na economia criativa
De acordo com o Índice de Desenvolvimento Potencial da Economia Criativa (IDPEC), elaborado pela ESPM, os estados com maior potencial de crescimento estão nas regiões Sul e Sudeste, liderados por Santa Catarina, Vitória e Curitiba. No ranking, Brasília aparece em quarto lugar, refletindo a presença de capital humano qualificado e boas condições de conectividade.
Por fim, a iniciativa do Prêmio cRio de Economia Criativa, criada pela ESPM em parceria com a Fundação Roberto Marinho, busca estimular projetos inovadores e sustentáveis na região metropolitana do Rio de Janeiro, impulsionando o desenvolvimento do setor e reforçando sua importância na economia brasileira.
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