A cidade de Sorocaba, localizada no interior de São Paulo, está enfrentando um desafio significativo em relação à sua cultura. A Secretaria de Cultura (Secult) sofreu um corte de mais de R$ 1 milhão, o que equivale a quase 11% do repasse total de R$ 11,3 milhões. Essa redução não apenas impactou a Secult, mas também deixou a pasta fora do planejamento de ações para os próximos quatro anos, refletindo uma preocupação crescente entre artistas e ativistas que lutam por melhorias no setor cultural.
Protesto pela cultura em Sorocaba
No dia 16 de setembro, artistas e defensores da cultura se reuniram em frente à Câmara dos Vereadores para protestar contra a diminuição do orçamento da Secult. A situação se torna ainda mais alarmante, uma vez que R$ 500 mil desse total eram destinados exclusivamente à Lei de Incentivo à Cultura (Linc), ferramenta fundamental para fomentar iniciativas culturais na cidade.
Tiago Oliveira, produtor cultural e membro do coletivo “Sozinho Não Dá”, que organizou a manifestação, expressou sua preocupação com os cortes orçamentários. Ele afirmou: “A gente vai brigar para que essa verba, que já é muito pequena, não seja simplesmente cancelada.” O coletivo destacou que a cultura não foi a única área afetada. Cortes significativos também foram feitos nas secretarias de Comunicação, Habitação, Meio Ambiente, Segurança Urbana e outras.
Buscando esclarecimentos sobre o PPA
Recentemente, a Câmara de Sorocaba aprovou o Plano Plurianual (PPA) para os próximos quatro anos, com um orçamento de R$ 23 bilhões. Entretanto, a ausência de ações voltadas para a cultura nesse planejamento gerou forte descontentamento entre os artistas. O PPA para 2026-2029 recebeu 150 emendas, mas não incluiu propostas relevantes para o setor cultural, evidenciando um descaso com esta área vital.
A prefeitura de Sorocaba justificou que a Secult irá priorizar investimentos em outras áreas que ainda estão em definição, sem fornecer detalhes claros sobre como planeja atender à Linc. A falta de comprometimento em destinar recursos à cultura passa a ser uma questão de grande debate entre os vereadores e a população.
As consequências dos cortes na cultura
Os cortes orçamentários têm consequências diretas para a cena cultural de Sorocaba. Os artistas que dependem de recursos para desenvolver suas atividades artísticas e culturais se encontraram em uma situação crítica. O orçamento da Secult, que contempla também emendas de vereadores e recursos federais, totaliza apenas R$ 11.347.000. Tiago observou que, se o Plano Municipal de Cultura fosse devidamente cumprido, esse valor poderia alcançar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões.
Após a manifestação, o coletivo “Sozinho Não Dá” continuou sua batalha, acompanhando as discussões na Câmara para garantir que os recursos culturais não sejam integralmente cancelados. “Tem um monte de coisa que foi cortada, foi um corte de R$ 18 milhões que foram direcionados para a Semob e a gente não sabe para onde vai esse dinheiro”, comentou Tiago, instigando a necessidade de transparência sobre os gastos públicos.
O futuro da cultura em Sorocaba
À medida que Sorocaba se prepara para os próximos quatro anos, o futuro da cultura na cidade continua incerto. Os artistas locais expressam suas preocupações com a falta de apoio e a necessidade de investimentos na área, que é crucial para o desenvolvimento social e econômico. Diversas iniciativas culturais que poderiam beneficiar a população estão ameaçadas pela ausência de recursos.
O contexto político e fiscal atual exige uma mobilização contínua da comunidade cultural e da sociedade em geral. À medida que os debates sobre o PPA e os cortes continuam, fica claro que a luta pela preservação e promoção da cultura em Sorocaba é uma batalha coletiva e imprescindível. Sem dúvida, a resistência dos artistas e ativistas será fundamental para garantir que a cultura não seja esquecida nas prioridades da administração pública.
Os próximos meses serão decisivos para o cenário cultural de Sorocaba. Resta saber se as vozes da comunidade artística conseguirão influenciar mudanças significativas e assegurar que a cultura receba a atenção e os recursos necessários para florescer na cidade.