Após 25 anos escrevendo como um dos críticos gastronômicos mais respeitados e temidos dos Estados Unidos, Tom Sietsema, do Washington Post, decidiu retirar a máscara. Conhecido por suas análises contundentes e a técnica de se manter anônimo, Sietsema abandonou a função e suas disguises em busca de uma nova fase em sua vida. O anúncio foi feito em sua coluna final, onde ele compartilha as dificuldades que enfrentou para manter sua identidade sob sigilo em um mundo onde a informação flui rapidamente.
A jornada de um crítico anônimo
Desde que começou sua jornada no Washington Post em 2000, Sietsema se destacou por utilizar uma variedade de truques para esconder sua identidade. Ele chegou a usar trajes de gordura, dentes falsos e até distintivos de convenções, estratégias que o ajudavam a se misturar em estabelecimentos populares. Em sua coluna, ele expressa a dificuldade crescente de manter o anonimato, especialmente com o avanço da tecnologia e a mobilidade de chefs e gerentes de restaurantes.
“É quase impossível fazer críticas anônimas por muito tempo hoje em dia”, comentou Sietsema. Ele detalhou como os proprietários e funcionários de estabelecimentos muitas vezes conseguem identificar críticos, o que pode comprometer a autenticidade da experiência gastronômica.
O impacto de sua crítica
Durante sua carreira, Sietsema escreveu mais de 1.200 críticas completas, visitando cerca de dez restaurantes por semana. Sua abordagem gerou um impacto significativo na cena gastronômica, levando a mudanças em muitos estabelecimentos. Críticas memoráveis, como a que descreveu um restaurante em 2018 como “tão ruim que estou escrevendo sobre ele apenas como um aviso”, ressaltam a força de sua voz crítica.
Ele também era conhecido por ser seletivo com suas estrelas, elogiando generosamente quando achava que merecia, mas também não hesitando em afundar restaurantes que não entregavam uma experiência digna. Um exemplo disso foi uma crítica onde um famoso restaurante de DC recebeu zero estrelas, com a frase “A tentação de terminar um pedido é zero”.
Adaptação e o futuro
Enquanto Sietsema se despede de sua identidade secreta, ele não planeja se afastar completamente do universo da gastronomia. Ele revelou que pretende cozinhar mais, viajar e permanecer em contato com outros entusiastas da comida. “Vai ser estranho quando eu fizer uma reserva sob meu próprio nome e não monitorar o que digo em público. Serei livre para ser eu mesmo”, declarou.
Agora, sem o peso das máscaras e das mentiras, Sietsema espera ir a restaurantes sem se preocupar com disfarces e identidades falsas. “E será interessante ver quem vai pegar a conta na próxima refeição”, brincou ele em sua coluna de despedida.
Reflexão sobre sua carreira
Sietsema se despede com um toque de nostalgia, reconhecendo tanto a afeição quanto as críticas que recebeu ao longo de sua carreira. “Ame-me ou odeie-me, aprendi com todos vocês”, concluiu, deixando um legado de autenticidade e críticas sinceras na indústria gastronômica. Sua despedida marca não apenas o fim de uma era, mas também um novo capítulo, onde ele pode agora desfrutar de experiências gastronômicas sem as restrições de um crítico anônimo.
Com sua trajetória e desafios, Tom Sietsema se estabeleceu como uma voz influente e respeitada no mundo da crítica de restaurantes, e sua saída certamente deixará um marco na gastronomia, tanto em Washington quanto além.
