Brasil, 9 de outubro de 2025
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Como o uso militar para policiamento urbano pode sair pela culatra

Histórico revela os perigos de empregar tropas militares no policiamento de cidades americanas, com exemplos que remetem à colonização britânica

Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos enviou tropas da Guarda Nacional para combater o crime e reforçar ações de imigração em cidades como Los Angeles, Washington, D.C., e prometeu ocupar outras como Chicago e Portland. No entanto, a história mostra que essa estratégia pode agravar a situação, como ocorreu no passado.

O uso de militares na história americana e seus riscos

Desde o século XIX, diversos momentos marcaram a implantação de forças armadas em operações urbanas nos EUA. Após a Guerra Civil, soldados foram usados para manter a ordem e forçar leis civis, enquanto presenciaram episódios de violência que muitas vezes pioraram o conflito.

O legado colonial britânico e a importância da ocupação

Um exemplo que remonta ao século XVIII é a ocupação militar na América Britânica, antes mesmo da independência. No final dos anos 1760, o rei George III enviou soldados para impor a lei nas colônias, especialmente em Boston, onde a resistência ficou evidente na Revolta do Boston Tea Party e na tagarelice por parte dos colonos.

Na crise de 1768, tropas inglesas foram enviadas para conter protestos contra impostos, mas sua presença provocou tensões cada vez maiores. Em 1770, a violência culminou na Batalha de Boston, quando soldados abriram fogo contra civis, matando cinco pessoas em uma ação que intensificou a resistência contra os britânicos.

Segundo o historiador Donald F. Johnson, a presença militar ao longa prazo acabou minando o apoio à autoridade colonial, contribuindo para a eclosão da Revolução Americana. As forças de ocupação inicialmente trouxeram ordem, mas a convivência com a população gerou ressentimento, ressentimento que alimentou o movimento de independência.

Delegacia militar e resistência popular

Durante a Revolução, a ocupação foi uma estratégia de curto prazo para tentar convencer os colonos de que a autoridade britânica poderia restaurar a ordem e o progresso econômico. No entanto, a presença frequente de soldados nas ruas acabou favorecendo a formação de uma identidade de resistência.

Embora no começo muitos colonos vissem os soldados como protetores, a convivência com tropas estrangeiras, muitas vezes mal-humoradas e agressivas, alimentou tensões e revoltas. No episódio mais famoso, as tropas britânicas mataram civis na Batalha de Boston, episódio que virou símbolo de opressão.

Legado e lições para o presente

O exemplo histórico mostra que o uso do exército em funções policiais, sobretudo em contextos de resistência e conflito social, costuma gerar mais rancor do que soluções duradouras. A estratégia pode transformar soldados em inimigos e aprofundar divisões sociais.

Analistas lembram que, na atualidade, a presença militar na rua, além de potencialmente desencadear uma escalada de violência, pode gerar uma percepção de militarização excessiva do Estado, prejudicando a confiança da população nas instituições civis.

Especialistas recomendam que, ao invés de recorrer às tropas para resolver crises urbanas, seja prioridade o fortalecimento das forças civis de segurança e o diálogo com comunidades. Assim, é possível evitar o ciclo de violência que historicamente acompanha esse tipo de abordagem.

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