Desde 2015, quando assinou o Acordo de Paris, o Brasil enfrenta dificuldades para atingir a meta de restaurar 12 milhões de hectares de vegetação até 2030. Entre 2022 e 2024, cerca de 150 mil hectares foram incorporados em projetos de restauração florestal, uma área equivalente à cidade de São Paulo, segundo o Observatório da Restauração e Reflorestamento da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura.
Avanços e desafios na volta às florestas brasileiras
Segundo dados do órgão, o volume de áreas reflorestadas aumentou 90% em relação a 2021, mas representa apenas 1,25% do objetivo estabelecido. Laura Antoniazzi, colíder da Força-Tarefa de Restauração da Coalizão, afirma que o momento é de crescimento de incentivos para acelerar ações de restauração, similar ao que ocorre em outros países. Contudo, ela destaca que há uma escassez de prestadores de serviço e dúvidas sobre rentabilidade, que dependem das condições de cada produto e do mercado de carbono.
Iniciativas e potencial de mercado
Ela reforça que recursos financiados por créditos de carbono podem fazer a diferença entre a atividade ser lucrativa ou não. A regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), criada em 2024, é vista como uma oportunidade de impulsionar o setor, estimado em potencial de gerar mais de R$ 770 bilhões em receitas líquidas, conforme estudo do Instituto Escolhas.
Biomas e locais de maior esforço de recuperação
A Mata Atlântica lidera com 119 mil hectares reflorestados, seguindo-se os biomas de Cerrado, Amazônia, Caatinga e Pampa. Entre os estados, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo destacam-se na iniciativa. Aimorés, em Minas, onde fica o Instituto Terra fundado por Sebastião Salgado, é o município com maior área de restauração. A regulamentação do SBCE é considerada uma oportunidade para fortalecer o setor que envolve diversas cadeias produtivas, desde madeira até produtos não madeireiros, como cacau, açaí e café.
Combate ao desmatamento e alternativas sustentáveis
Fábio Scarano, engenheiro florestal, afirma que o maior desafio é combater o desmatamento ilegal, que atingiu mais de 3 milhões de hectares entre 2023 e 2024. Para ele, ações como integração lavoura-pecuária-floresta são essenciais para aumentar a produtividade e evitar a degradação ambiental. Segundo o especialista, transformar áreas improdutivas em produtivas pode dobrar a capacidade de produção do país, sem necessidade de cortar árvores.
Planaveg 2025-2028 e futuras estratégias
O governo federal reforça seu compromisso com a recuperação ambiental por meio do Planaveg 2025-2028, atualizado em 2024 com estratégias focadas em monitoramento, financiamento, cadeias produtivas e pesquisa. Essa iniciativa visa ampliar a atuação do Brasil na restauração de áreas nativas e na criação de uma bioeconomia sustentável, trazendo ganhos ambientais e econômicos, incluindo a remoção de bilhões de toneladas de CO2 da atmosfera.
Segundo o estudo do Instituto Escolhas, a meta de restaurar 12 milhões de hectares até 2030 pode gerar benefícios ambientais e econômicos expressivos, reforçando a importância de ampliar investimentos e regulamentos para o setor. Ainda há muito a ser feito, mas o país começa a caminhar na direção certa.
Para mais detalhes, acesse a fonte original.