Em preparação para a COP30, que acontecerá em novembro, o Brasil reforça seu foco na bioeconomia amazônica, setor que movimenta bilhões e promove inovação social e ambiental. A estratégia é mostrar em Belém projetos que valorizam recursos naturais, promovem a geração de renda e preservam a floresta, atraindo apoio internacional e investimentos.
Avanços e investimentos na bioeconomia amazônica
Segundo estudo do WRI Brasil, a cadeia produtiva da setor na região já gera cerca de R$ 12 bilhões ao ano, com potencial de alcançar R$ 38,6 bilhões até 2050, criando mais de 800 mil empregos. Para fortalecer essa perspectiva, o governo brasileiro busca recursos internacionais, como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que recebeu um aporte de US$ 1 bilhão prometido pelo presidente Lula na Semana do Clima, em Nova York, e o Earth Investment Engine, que visa angariar US$ 20 bilhões para projetos de bioeconomia e agricultura regenerativa.
Fronteiras de atuação na COP30
Os temas em destaque envolvem cinco frentes principais: florestas, sociobioeconomia, agricultura, biotecnologia e financiamento climático. O objetivo é criar uma rede de apoio que integre preservação e geração de renda, especialmente para pequenos empreendedores, extrativistas, ribeirinhos e comunidades tradicionais, que representam a base dessa economia sustentável na Amazônia.
Fomento à agricultura e preservação
O Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, é um exemplo de iniciativa que apoia projetos de restauração e uso sustentável da floresta. Em 2023, foram aprovadas 17 ações desse fundo, com investimentos de R$ 930 milhões, destinando recursos para fortalecer cadeias produtivas de babaçu, pirarucu, alimentos orgânicos e recuperação ambiental. Além disso, o Fundo atraiu promessas de doações que somam aproximadamente R$ 2,1 bilhões em dois anos.
Empreendedores da floresta e inovação social
Décio Lima, presidente do Sebrae, destaca que a conferência será palco para dar visibilidade aos pequenos negócios que atuam na bioeconomia, promovendo inclusão social e ambiental. “São esses empreendedores que demonstram que a floresta em pé é um ativo rentável e sustentável”, afirma. O programa Inova Amazônia, por exemplo, já apoiou mais de 400 empresas de diversas regiões, fomentando inovação e acesso a novos mercados.
Histórias inspiradoras de inovação na Amazônia
Um exemplo é a Queijaria D’Lourdes, localizada em Autazes, perto de Manaus, que conquistou mais de 30 medalhas em concursos nacionais e internacionais. Sua produção de queijo maturado com café, premiada na França, possui uma receita que combina memória afetiva com estratégia de mercado. A iniciativa valoriza recursos locais como o leite de vacas e búfalas, e utiliza embalagens sustentáveis de folhas de miriti, fortalecendo toda a cadeia produtiva regional.
Outro destaque é a ceramista Maynara Santana, que trabalha com técnicas tradicionais de povos originários em Icoaraci, Belém. Sua produção artesanal de peças com grafismos indígenas é reconhecida por sua identidade cultural e sustentabilidade, além de ser parte de uma cadeia que valoriza o uso consciente do barro retirado de rios da região.
Empreendedorismo sustentável na construção
Alex Alves Macedo, ex-educador, criou uma Linha de concreto ecológico que reutiliza resíduos plásticos. Ele passou a produzir blocos de construção com 60% de plástico moído, que resistem à umidade e duram até três vezes mais do que os convencionais. Com isso, promove economia, geração de emprego e combate ao lixo plástico, demonstrando que a inovação sustentável pode transformar cidades.
Aposta na cosmética regional e na cultura local
A história da farmácia de Francisco Filizzola, italiano que imigrou para o Pará em 1914, inspira a linha de cosméticos naturais da Juruá Cosméticos, liderada por sua bisneta, Dâmaris Busman. Seus produtos, feitos com óleos vegetais, raízes e extratos amazônicos, valorizam ingredientes como castanha-do-pará e óleo de andiroba, além de usar embalagens de materiais naturais, fortalecendo a produção local e a cultura regional.
A iniciativa busca ampliar a presença no mercado, preservando a identidade e tradição da biodiversidade amazônica enquanto promove renda para comunidades rurais e indígenas.
Compromisso do Brasil na preservação e no desenvolvimento sustentável
Em Belém, o evento será uma oportunidade para destacar parcerias públicas e privadas, incluindo o apoio do BNDES, que investe na valorização da biodiversidade brasileira por meio de instrumentos financeiros alinhados com o desenvolvimento sustentável. O objetivo maior é transformar a bioeconomia em uma plataforma para reduzir desigualdades, gerar emprego e manter a floresta de pé.
Com a concretização de projetos inovadores e a ampliação de investimentos, o Brasil pretende consolidar seu papel na agenda global de combate às mudanças climáticas e na promoção de uma economia baseada na conservação e uso sustentável dos recursos naturais.
Para mais informações, acesse a fonte.
tags: bioeconomia, Amazônia, COP30, sustentabilidade, inovação, preservação ambiental, pequenos negócios