Na última quarta-feira, 8 de outubro de 2025, a poeta angolana Ana Paula Tavares foi agraciada com a 37.ª edição do Prémio Camões, um dos mais importantes reconhecimentos da literatura em língua portuguesa. O anúncio gerou uma onda de entusiasmo nas redes sociais, com colegas escritores e poetas expressando seu apoio e admiração por sua obra, que se destaca pela simplicidade e coerência entre a vida e os valores que professa. Tavares revela que as inquietações da África e de Angola são o que a impulsiona em sua jornada poética.
A recepção calorosa da notícia
A alegria pela premiação de Tavares foi evidenciada pelo poeta cabo-verdiano Filinto Elísio, que declarou estar em um “estado de poesia” ao ouvir a notícia. Ele ressaltou, durante o programa semanal “África em Clave Cultural” da Rádio Vaticano, que a escolha pela poetisa para o Prémio demonstra um foco contínuo na poesia, valorizando assim a riqueza estética e temática que ela traz à literatura. O tema da africanidade e o papel da mulher na sociedade africana são cruciais na poética de Tavares, e Elísio enfatizou que “todos nos sentimos premiados em Ana Paula Tavares”.
Um prêmio para todos
Mamadou Ba, ativista dos Direitos Humanos que reside em Lisboa, também expressou suas felicitações em redes sociais. Ele descreve Tavares como uma “espécie humana rara” que se destaca pela consistência de seus valores, longe das luzes e da fama que muitas vezes cercam os acadêmicos. Sua combinação de humildade e generosidade, juntamente com uma mente brilhante, torna sua presença singular. Ba afirmou que Ana Paula Tavares é uma “poesia em pessoa”, elogiando a forma como aborda temas complexos com uma sensibilidade única.
E essa sensibilidade é fortalecida pela profunda conexão de Tavares com suas raízes africanas e seu compromisso em explorar questões femininas em sua obra. Filinto Elísio ainda recorda sua participação no Festival de Literatura Mundo do Sal, em 2024, onde a escritora se destacou por sua elegância e humanidade, confirmando seu lugar como uma verdadeira “escritora-mundo”.
As inquietações da África e de Angola na poética de Tavares
Em uma entrevista ao mesmo programa cultural, realizada em julho de 2020, Tavares compartilhou que suas inspirações vêm das inquietações presentes no continente africano e em seu país natal, Angola. Ela expressou o desejo de dedicar-se totalmente à poesia, reconhecendo que questões femininas são recorrentes em sua obra, à medida que busca entendimento através das vozes dessas mulheres. Embora ela não acredite que sua poesia necessariamente resolva problemas, continua a escrever na esperança de que as gerações futuras possam encontrar sua mensagem mais acessível.
Tavares enfatiza que, para ela, poesia e mensagem não estão sempre interligadas; a poesia é um “todo em si” e essa integralidade é o que ela busca capturar em sua produção literária.
Referências a Angola e seu legado histórico
Durante a mesma entrevista, a poetisa fez referências às várias épocas da história de Angola, abordando particularmente a violência da era colonial e seu impacto sobre os povos Lunda e Chokwe. Ela também compartilhou risadas ao mencionar algumas de suas obras, incluindo “Manual para Amantes Desesperados,” além de projetos futuros que estava desenvolvendo. Tavares continua a ser uma voz poderosa e autêntica nas letras africanas, e seu trabalho nos convida a refletir sobre as complexidades da experiência humana.
A premiação de Ana Paula Tavares é um reconhecimento não só de sua produção poética, mas também um tributo à rica tapeçaria cultural e histórica da África e, em particular, de Angola. Sua obra ecoa não apenas entre os amantes da poesia, mas também entre todos que buscam entender a profundidade das experiências humanas através da literatura.
Para mais informações, você pode acessar a cobertura completa do prêmio aqui.
