Brasil, 8 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Os desafios dos “caras legais” no mundo dos relacionamentos

Estudo revela que a bondade pode não ajudar homens na conquista de parceiras, contrariando o estereótipo romântico.

Os filmes românticos frequentemente apresentam os “caras legais” como os protagonistas que conquistam o amor verdadeiro. Em clássicos como Mensagem para você e Quando Harry Conheceu Sally, figuras como Tom Hanks e Billy Crystal são exemplos de homens carinhosos e sensíveis que, ao final, sempre conseguem o coração das mulheres. No entanto, um novo estudo sugere que essa narrativa pode não se traduzir na dura realidade dos relacionamentos modernos.

A pesquisa que desafia estereótipos

Os resultados do estudo, publicado no Journal of Research in Personality, revelam que as características de personalidade têm influência diferente sobre o sucesso nos relacionamentos entre homens e mulheres. Pesquisadores da Universidade de Umea, na Suécia, enviaram questionários a 3.800 adultos na Austrália, Dinamarca e Suécia, buscando avaliar suas personalidades e a satisfação em seus relacionamentos.

Os participantes foram questionados se estavam em um relacionamento e, se sim, quão satisfeitos estavam com ele. O que os pesquisadores descobriram foi surpreendente: a bondade, muitas vezes vista como uma virtude, parecia funcionar de maneira negativa para os homens. Enquanto mulheres mais “cordiais” não mostraram uma maior probabilidade de estarem em um relacionamento, para os homens, quanto mais “gentis” eram, menos probabilidade tinham de ter uma parceira.

O impacto do comportamento extrovertido

O estudo revelou que homens extrovertidos, confiantes e sociáveis apresentaram uma probabilidade significativamente maior de estarem em um relacionamento em comparação com homens menos extrovertidos. Em contrapartida, o mesmo comportamento não impactou a probabilidade de mulheres em estarem em um relacionamento, mostrando que ser extrovertida ou tímida não alterava suas chances.

Além disso, os homens que apresentavam um traço chamado de neuroticismo – que inclui comportamentos como preocupação e ansiedade – tinham menos chances de encontrar um parceiro. Curiosamente, entre as mulheres, altos níveis de neuroticismo estavam associados a uma leve tendência de estarem em relacionamentos.

Percepções sociais e estereótipos

Os autores da pesquisa especulam que esses resultados podem refletir a persistência de estereótipos e expectativas tradicionais. “Um homem assertivo e extrovertido pode receber respostas positivas ao se aproximar de potenciais parceiras, enquanto uma mulher assertiva pode enfrentar ambivalência ou negatividade”, disse Filip Fors Connolly, professor associado de sociologia e psicologia na Universidade de Umea.

Por outro lado, a bondade e a empatia continuam a ser vistas como traços desejáveis nas relações das mulheres, mas parecem prejudicar a imagem dos homens. “A implicação é que, mesmo em sociedades progressistas, pessoas cujas personalidades não se conformam aos estereótipos de gênero enfrentam barreiras para formar relacionamentos”, acrescenta Mikael Goossen, também da Universidade de Umea.

A diferença entre entrar e manter um relacionamento

Uma observação interessante feita pelos pesquisadores é que, embora homens bondosos tenham menos chances de iniciar um relacionamento, isso não indica que a bondade seja prejudicial para a satisfação nas relações. Na verdade, ser gentil e paciente aumenta a probabilidade de que tanto homens quanto mulheres estejam satisfeitos em seus relacionamentos, quando estes já existem.

Connolly alerta, no entanto, contra a interpretação excessiva desses dados. “Nosso foco está nos padrões comuns observados em milhares de pessoas. Nenhum destes fatores determina as relações ou sua qualidade que uma única pessoa pode vivenciar”, conclui.

Assim, enquanto os filmes românticos nos ensinam que os “caras legais” sempre ganham no final, a realidade pode contar uma história bem diferente no que diz respeito ao mundo real dos relacionamentos. Em um cenário onde estereótipos ainda persistem, a busca pela autenticidade pode se tornar um desafio, exigindo que muitos se perguntem o que realmente significa ser um parceiro ideal no século XXI.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes