Nos próximos dias, a vida de Adélio Bispo, de 47 anos, pode passar por uma reviravolta crucial. Autor da facada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Adélio aguarda um laudo psicológico que será decisivo para determinar se ele poderá ou não deixar o presídio federal, onde está recluso desde 2018. Em sua avaliação, dois psicólogos da Defensoria Pública da União (DPU) têm a responsabilidade de analisar sua condição mental e a possibilidade de reintegração social.
A importância do laudo psicológico
O laudo será elaborado por profissionais credenciados, sendo que um deles já possui um histórico controverso, atuando no passado em casos como o da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e da ex-deputada Flordelis, que atualmente cumpre pena no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro. O psiquiatra Hewdy Lobo Ribeiro foi chamado especificamente para realizar esta avaliação, tendo um histórico de defesas em casos de grande notoriedade, incluindo a análise de Suzane von Richthofen.
Hewdy esteve envolvido no laudo que atestou a inimputabilidade de Adélio durante o processo da tentativa de homicídio contra Bolsonaro. O profissional é conhecido por suas abordagens controversas e estratégias que frequentemente questionam a saúde mental de seus clientes, tentando justificar sua liberdade.
Três questões críticas para a avaliação
O exame a que Adélio será submetido se concentrará em três perguntas fundamentais que determinarão se ele continuará no sistema prisional ou se receberá a liberdade. Estas questões buscam entender não apenas o estado atual da saúde mental de Adélio, mas também se ele representa um risco à sociedade.
As perguntas que serão respondidas
- O periciando ainda é portador de patologia ou transtorno mental que justifique a manutenção da medida de segurança inicialmente imposta? Qual?
- Atualmente, o periciando apresenta condição psíquica que represente risco para si ou para terceiros? Emita um parecer técnico acerca da cessação ou persistência da periculosidade do internado.
- Em caso positivo, e com base em prognóstico médico e análise de casos semelhantes, em quanto tempo ele deverá ser reexaminado para verificar eventual cessação da periculosidade?
Embora a expectativa de libertação de Adélio seja considerada remota, a análise poderá levá-lo a ser transferido para um hospital de custódia, dependendo da gravidade do laudo. A segurança pública é um fator crucial que os magistrados devem considerar na decisão sobre sua soltura.
Condições no presídio federal
Atualmente, Adélio está internado no Presídio Federal de Campo Grande e deve permanecer nele até 2038, quando completará 60 anos. Com base em informações, Adélio está vivendo em uma cela de aproximadamente seis metros quadrados e não recebe visitas de familiares há mais de um ano. Isolado, ele não leu nenhum livro desde sua entrada no sistema penitenciário e apresenta dificuldades em interagir com outros detentos.
Apesar de ser classificado como um preso de alta periculosidade, a expectativa de transferência para outra unidade é quase nula, visto que a penitenciária de Campo Grande é considerada uma das mais adequadas para lidar com detentos que enfrentam transtornos mentais, mesmo que não possua todas as instalações necessárias para um tratamento ideal.
Sigilo do prontuário médico
O prontuário médico de Adélio permanece sob sigilo, e durante o governo Bolsonaro, houve tentativas da Polícia Federal de acessar esses documentos, solicitações que foram negadas. Relatórios devem ser enviados aos psicólogos responsáveis para evidenciar que sua saúde mental se deteriorou ao longo dos anos.
O resultado da avaliação de periculosidade de Adélio não é apenas uma questão legal, mas envolve aspectos sociais e psicológicos que poderão impactar não só sua vida, mas a percepção da segurança pública na sociedade brasileira como um todo. A decisão é aguardada com expectativa e tem potencial de provocar debates acalorados na esfera política e social.