O Ministério Público de São Paulo lançou uma investigação que envolve a Rede Sol Fuel e seus proprietários, suspeitando de uma eventual conexão com o Primeiro Comando da Capital (PCC). O empresário Valdemar de Bortoli Júnior, que comanda a distribuidora e um posto de combustíveis localizado na Avenida Independência, em Ribeirão Preto, negou as acusações e se comprometeu a apresentar provas de sua inocência.
O contexto das investigações
O cerne das investigações gira em torno da alegação de que a rede de postos e distribuidoras de combustíveis estaria sendo utilizada pelo PCC para lavar dinheiro. Além do envolvimento de Bortoli, outras quatro unidades de combustíveis na região são alvos do MP, incluindo estabelecimentos pertencentes ao empresário Pedro Furtado Gouveia Neto. Esse empresário é considerado uma figura enigmática, com mais de 50 postos sob sua propriedade, e não foi encontrado para comentar sobre as investigações.
Os postos pertencentes a Gouveia em Ribeirão Preto e em Franca estão entre os focos do MP. Os estabelecimentos incluem:
- Auto Posto Estrela de Madri (Rodoil) – Avenida da Saudade, 567, Campos Elíseos, Ribeirão Preto
- Auto Posto Marechal Costa e Silva (Rodoil) – Rua Capitão Salomão, 361, Campos Elíseos, Ribeirão Preto
- Posto Melvin Jones (Bandeira Branca) – Avenida Miguel Sábio de Mello, 181, Jardim Santana, Franca
- Auto Posto Barão da Cidade (Rodoil) – Avenida Doutor Hélio Palermo, 3595, Estação, Franca
Cliente e governo prejudicados
A investigação aponta que o PCC estaria envolvido em um esquema que lavava grandes quantias de dinheiro, estimativas que chegam a até R$ 40 bilhões entre 2021 e 2024. Um dos pontos de lavagem era uma empresa localizada na Avenida Plínio de Castro Prado, em Ribeirão Preto, chamada BK Instituição, que também possui escritórios em Campinas e Grande São Paulo.
Relatórios do Ministério Público ressaltam que o método de adulteração de combustíveis estragava a qualidade do produto final e, como consequência, prejudicava consumidores e o governo federal. O metanol, um elemento mais barato, era misturado ao etanol e após desembarcar no Porto de Paranaguá, era distribuído para os postos dominados pela organização criminosa.
A defesa dos empresários
Em resposta às acusações, Valdemar de Bortoli declarou à afiliada da TV Globo, EPTV, que a Rede Sol Fuel é uma empresa respeitada, com quase 30 anos no mercado e um histórico inquestionável de conformidade fiscal. Ele assegurou que irá provar a regularidade de suas operações e que não há relação ilícita entre suas empresas e a organização criminosa.
“Não procede e já está sendo demonstrado ao MP a regularidade total da Rede Sol. A empresa é consolidada e contumaz pagadora de tributos, com todas as Certidões Negativas de Débito (CNDs) em dia”, afirmou Bortoli, enfatizando a transparência no funcionamento de sua empresa.
Bortoli, que é sócio em um condomínio onde estão várias distribuidoras em Jardinópolis, também comentou sobre seu contato profissional com Mohamad Hussein Mourad, um dos chefes do esquema criminoso. O empresário reforçou que suas interações com Mourad eram estritamente comerciais e que nunca suspeitou de envolvimento dele em atividades ilícitas.
Consequências do esquema criminoso
As investigações revelaram que, além de prejudicar os motoristas com a venda de combustível adulterado, a sonegação de impostos também impactava as finanças do governo. Pagamentos realizados através de cartões de crédito, que deveriam ser reportados à Receita Federal, eram direcionados a instituições financeiras vinculadas ao PCC, dificultando a detecção do crime.
À medida que as investigações continuam, a expectativa é de que mais detalhes sobre a rede de corrupção e o papel dos postos de combustível no esquema venham à tona. O caso ilustra a complexidade dos crimes organizados e sua relação com setores da economia legítima, como o comércio de combustíveis, e a necessidade urgente de medidas eficazes para combater esse tipo de crime.
Com as investigações em andamento, o público e as autoridades esperam a pronta resolução deste caso, que levanta questões sobre a integridade do setor de combustíveis e a urgência de um combate mais robusto às práticas corruptas.
Para mais detalhes sobre essa investigação e suas implicações, siga as atualizações no g1 Ribeirão Preto e Franca.